Nos anos 1990, a primeira aparição do Ford Fiesta no Brasil se fez em sua terceira geração, em 1995. Era a fase em que esta marca e a Volkswagen tinham pressa para recompor suas linhas, logo depois do fim da Autolatina. O caso do hatchback se assemelha ao do Lexus IS porque ambos tiveram sua história brasileira iniciada com uma fase de “preparo”. Ainda não se pode dizer se o sedã japonês vai ter sucesso proporcional ao do hatchback europeu, mas nível para perseguir essa meta o produto da Lexus pode afirmar que tem, sem hesitar.
Pode não parecer, mas a divisão de luxo da Toyota já superou seu primeiro ano de Brasil. Não se podiam esperar vendas muito expressivas por se tratar de produtos de preço elevado, mas a Lexus já recebe resultados positivos o suficiente para começar a falar em expansão das operações. O IS compete em um segmento que vende muito bem no mundo todo, mas seu potencial só vai ser aproveitado ao máximo quando a marca alcançar o prestígio de BMW ou Mercedes-Benz – este é um dos fatores mais importantes para este público. Os japoneses começaram a construir a fama deste sedã focando na esportividade aliada a certo patriotismo. Os Lexus sempre foram muito mais ocidentais que os Toyota em estilo (assim como os Acura e Infiniti, em relação aos Honda e Nissan), mas procuram mostrar as tendências típicas do Japão em forma “indireta”. Os vincos musculosos e os recortes bem pronunciados estão todos lá, mas a L-finesse se encarregou de cobri-los com formas mais elegantes, que dão ao IS o mesmo nível de bom gosto visto em Classe C, Série 3 e Jaguar XF, mas aplicada de forma diferente. É uma sensação interessante: cada vez que se olha a novidade da Lexus é possível encontrar um novo elemento digno de ser observado com calma.
Quem chegou a conhecer o modelo antigo não vai demorar a notar as evoluções da cabine: são 8 cm a mais no entre-eixos, bancos dianteiros com melhor apoio lateral e um console que agrada mais do que impressiona: seu desenho é atraente e ergonômico, mas composto por elementos sóbrios. O que chama a atenção é mesmo a lista de equipamentos: a versão Luxury justifica os R$ 177 mil com dez airbags, ar-condicionado bizona, bancos com ajustes elétricos na frente, câmera de ré, central multimídia com tela de 7”, DVD player e TV digital, controles de estabilidade e tração, GPS, hill holder, teto solar elétrico, destravamento e partida sem chave. Já por R$ 188 mil se leva a versão F-Sport, que soma o kit visual de rodas aro 18”, acabamento exclusivo por dentro e por fora e um sistema que faz o ronco do motor se ouvir mais encorpado na cabine. A famosa grade dianteira em formato Spindle esconde o mesmo motor nas duas versões: a Lexus contrariou a tendência das rivais alemãs e criou uma versão IS250 com um 2.5, que continua V6 mas substitui o 3.0 da geração anterior para render 231 cv e torque de 25,2 kgfm com câmbio automático sequencial de seis marchas. Depois de “preparar terreno” com a anterior, é com esta geração que o IS pretende deslanchar de fato no Brasil.