Quando o Palio chegou à segunda geração, em 2011, não demorou a surgir a especulação natural de que a mesma evolução seria levada aos “parentes” da linha. No entanto, Palio e Siena Fire ficaram de fora para manter o mote do preço baixo. Quanto à Strada, a Fiat certamente preferiu não “mexer no time que está ganhando”. E a Idea, por sua vez, tem um ciclo de vida diferente. Mas e a Weekend? Seu histórico não favorece mais que o que ela já vem fazendo há alguns anos. No entanto, parece que não é só a vida das pessoas que é uma caixinha de surpresas.
Depois de sobreviver dezessete anos na mesma geração, torna-se muito difícil ter boas expectativas para a perua Palio. Ela já chegou a ser líder de seu segmento por vários anos e originou à famosa versão Adventure, que por sua vez veio a fundar todo o mercado dos aventureiros urbanos no Brasil, mas sua época áurea ficou no passado. Depois de ter destronado a Parati, a Weekend não conseguiu se defender do “contra-ataque” da Volkswagen, que veio com a SpaceFox. Incorporar algumas características das minivans foi um grande trunfo desta última, porque lhe permitiu enfrentar melhor a queda de vendas que todas as station wagons sofreram a partir da década passada, não só no Brasil: seus clientes foram seduzidos primeiro pelas minivans, e depois pelos crossovers.
Hoje em dia as duas peruas não fazem mais que seguir os carros dos quais derivam, mas isso significa um futuro melhor para a alemã: o Fox vai ganhar um facelift em breve e uma nova geração mais tarde, e não há motivo para privar a SpaceFox do mesmo. Já com a italiana, aderir à nova fase do Palio lhe deixaria cara demais para os que a levam hoje, especialmente na versão topo-de-linha Adventure, que é a dona do maior percentual. É considerando isso que se pode entender por que a Fiat preferiu não investir mais na perua. Era de se esperar que ela ficasse em linha somente enquanto suas vendas justificassem, mas a linha 2015 conseguiu surpreender: não pela leve adição de equipamentos, mas sim pelo que você viu desde o título. Seu nome oficial agora é só “Weekend”.
Para quem conhece um pouco mais do mundo automotivo, isso não só surpreende como chega a intrigar: existe o caso do Classic, que perdeu o “Corsa” há onze anos para virar o sedã de entrada da Chevrolet. Por outro lado, o CC perdeu o “Passat” em 2012 para virar uma opção mais requintada ao carro de origem. Ou seja, essa estratégia procura dar personalidade própria a um modelo que foi lançado como parte de uma “família”. Mas os exemplos práticos indicam que isso pode servir tanto para que sua nova “vida” seja como um produto melhor que o anterior como a alternativa exatamente oposta. Resta aguardar os anos seguintes, especialmente depois da inauguração da fábrica da Fiat em Goiana (PE), para saber que destino terá a Weekend.
Enquanto isso, as outras novidades que ela recebeu são todas dedicadas a melhorar o custo/benefício. Desde sua versão Attractive (R$ 45.550) foram trocados detalhes de acabamento interno, opções de cor e o volante, entre outros. Esta ainda ganhou sensor de estacionamento como opcional. Já a Trekking (R$ 47.600) ganhou o famoso bloqueio de diferencial Locker, que integra um kit com farois com máscara negra, rede porta-objetos no porta-malas e rodas de liga leve aro 14” com pintura exclusiva. Para a Adventure (R$ 56.560), este mesmo kit pinta as rodas aro 16” que agora vêm de série, somadas ao novo grafismo do quadro de instrumentos. Esta também ganha o kit Urban: em relação ao anterior, o Locker é trocado por pneus de uso urbano 205/60.