Observar o mercado automotivo mesmo sem profundidade revela que as montadoras vêm trabalhando cada vez mais com a diversidade, por ser a forma mais eficaz de vencer a “seleção natural” imposta pelo vertiginoso aumento da competitividade. Novas faixas de preço, novas categorias, novos países… É fácil convergir a procurar novos clientes, mas e quanto aos antigos? Ainda existe um público muito fiel a certos conceitos mais tradicionais quando se fala em escolher carro, e ele não é pequeno. É a ele que se volta a novidade da Mitsubishi.
Essa questão merece a atenção das marcas porque a proliferação das novas categorias está começando a tomar o lugar das mais antigas, em vez de somar-se às mesmas. O lamento dos fãs das peruas, por exemplo, vem do fato de que os lançamentos dos últimos anos vêm tentando arrastá-los para os crossovers. Já os adeptos do off-road puro, “legítimo”, têm visto suas opções dividir-se entre carros bem mais caros ou de preparo totalmente urbano. Em paralelo, não será de estranhar que em breve o mercado dos sedãs comece a pedir para separá-los de volta da febre dos “cupês de quatro portas”.
Claro que o melhor seria oferecer veículos para todos os gostos, mas basta estimar a quantidade de modelos em linha que isso implicaria para entender por que não é qualquer empresa que pode executar tal resposta. As reações ao novo Outlander não foram tão positivas como se esperava porque seu desenho não seguiu o caminho das expectativas que tinha. A nova filosofia da Mitsubishi trocou a esportividade agressiva da época capitaneada pelas grades Jetfighter por valores mais racionais, como eficiência, amplitude de espaço e segurança. Essa é a provável explicação de suas linhas terem ficado tão “comportadas”, usando vincos bem mais discretos e luzes menores que acabam fazendo-o parecer mais velho que sua geração anterior.
Entretanto, remeter a décadas anteriores é o que faz o novo Outlander agradar aos tais clientes conservadores: ele continua sendo um crossover, mas sua vocação familiar e urbana lhe deixa muito mais próximo das peruas que dos SUVs. Mas basta analisar o interior para esquecer qualquer impressão de carro antigo: seu projeto é novo por completo, cuja plataforma lhe trouxe toda a tecnologia que os rivais usam hoje em dia. Sua versão de entrada retorna os R$ 102.990 com ar-condicionado automático, bancos de couro, computador de bordo, direção elétrica, nove airbags, rodas de liga leve aro 18”, sensores de chuva e crepuscular e sistema de áudio com leitor de DVD.
Por R$ 130.990, a GT soma ar-condicionado bizona, controle de estabilidade, hill holder, quadro de instrumentos melhorado, sensor de estacionamento com câmera de ré, touchscreen de 7” e o Dynamic Information System. Esta versão passa a R$ 139.990 com o Full Technology Pack, que soma farois de xenônio, piloto automático adaptativo, mitigação de colisões dianteiras, e operação da tampa do porta-malas por botão. Somente com cinco lugares, a primeira traz o 2.0 16v de 160 cv e 20,1 kgfm, com tração 4x2 e câmbio CVT com seis marchas simuladas. Já as outras levam sete e usam o 3.0 V6 24v de 240 cv e 31 kgfm, com tração 4x4 e câmbio automático de seis marchas.