Este foi outro a chegar nos anos 1990, que ficaram tão famosos por conta da reabertura das importações. A Suzuki estreava no Brasil com três versões de seu compacto: um hatchback cinco-portas voltado ao baixo custo, um três-volumes dedicado à família, e a variação que conseguiu imortalizá-lo entre nós. A alegria terminou durando pouco, por conta do sobe-e-desce do real, mas o modelo continuou a evoluir lá fora. E agora, depois de quase vinte anos só de ausência, os japoneses decidiram nos surpreender mais uma vez: o Suzuki Swift volta a ser vendido no país em forma oficial.
Como as imagens já indicam, o Swift não alude àquele antecessor nem através das tendências retrô, que ganharam tanta fama durante os últimos anos. A razão é que ele passou por uma mudança forte em 2004, trocando o desenho simples e fluido dos anos 1990 por linhas mais imponentes. E como esse novo conjunto fez tanto sucesso, tanto no país natal como fora, ele foi o que sobreviveu à mudança seguinte, feita em 2010 – e esta é a que mereceu voltar ao Brasil. Mas as diferenças não param por aí. A versão sedã, por exemplo, agora só existe como uma variação que a filial indiana criou para si, vendida como DZire. Por outro lado, como ele foi subindo de nível ao longo dos anos, o papel da versão popular foi relegado a outros modelos.
Portanto, o hatchback ganhou a liberdade de se tornar um hot hatch, no melhor padrão europeu: ele tem versões de cidade, para atender as famílias de orçamento limitado, mas seu foco é mesmo a esportividade. Isso se torna ainda mais interessante pelo fato de que já se manifestava desde os primeiros anos do modelo. No caso do Brasil, a GTI teve tanto destaque porque foi o primeiro contato real do mercado brasileiro com o conceito de downsizing, numa época em que este mal começava a existir; o Swift mais nervoso trazia um motor 1.3 16v carregado das tecnologias mais avançadas da época, o que lhe levava a 100 cv. Carros como Chevrolet Kadett GSi, Ford Escort XR3 e VW Gol GTi recorriam a motores 2.0, mais antigos e de maior consumo.
Agora, os sorrisos são provocados por um motor 1.6 16v, que alcança 142 cv e 17 kgfm dispensando alimentação forçada. Isso se associa ao peso de apenas 1.065 kg para oferecer um comportamento dinâmico excelente, que faz jus à tradição que o próprio Swift criou. A vocação esportiva “à moda antiga” também aparece em detalhes como a faixa elevada de rotações para potência e torque, a exclusividade de câmbio manual (seis marchas) e o porta-malas de apenas 211 litros. No entanto, agora ele só usa cinco portas, certamente para não perder os interessados mais conservadores. Com este conjunto, o modelo rivaliza com o Fiat Punto T-Jet completo, e ainda seduz quem esteja pensando em Audi A1, Citroën DS3 ou Mini Cooper.
Essa competição se torna ainda mais interessante quando se fala em design. Por mais que a Suzuki tenha procurado torná-lo cada vez “mais europeu”, as linhas do Swift ainda são muito diferentes – e isso tem tudo para ser excelente como argumento de vendas, na verdade. Os contornos fortes e angulares de carros japoneses estão lá, mas também aparecem superfícies esculpidas com muito bom gosto, tornando o hatchback imponente sem parecer exagerado – detalhe interessante são as colunas A, que foram pintadas de preto brilhante para conectar visualmente o parabrisa às janelas. Pode-se dizer que o Swift atual é um aperfeiçoamento do anterior, apresentando formas mais elaboradas do que já se conhecia desde seis anos antes.
Suas origens são mais notadas no interior. Tanto o estilo como a qualidade de construção agradam, mas ele não é a melhor opção para quem quer luxo. Sua concepção geral é objetiva – não necessariamente simples –, não recorre a apliques cromados ou imitando outros materiais, e conta com comandos práticos. Já o nível de equipamentos, por sua vez, justifica o preço inicial de R$ 74.990: seis airbags, ar-condicionado automático, banco traseiro bipartido, computador de bordo, controles de cruzeiro e de estabilidade, farois de xenônio, fixação Isofix, freios a disco nas quatro rodas com sistemas eletrônicos de assistência, partida sem chave, rodas de liga leve aro 16” e sistema de som multimídia com comandos no volante.
Se você quiser ainda mais esportividade, a versão topo-de-linha Sport R começa em R$ 81.990. O exterior traz teto e retrovisores em vermelho ou grafite (a carroceria pode vir em amarelo, branco, grafite e vermelho), cobertura do motor pintada em vermelho, rodas de liga leve aro 17” com pneus Pirelli PZero 205/45, repetidores das luzes de direção nos retrovisores, sensor de estacionamento e câmbio com diferencial mais curto. Seu único opcional é a central de entretenimento, que reúne leitor de DVDs e navegador GPS por R$ 4 mil. O novo Swift será o primeiro modelo urbano vendido pela Suzuki no Brasil desde os anos 1990 (Grand Vitara, Jimny e SX4 são fora-de-estrada), e estará disponível em suas 42 concessionárias no final deste mês.