C’est fini. Depois do processo que levou quase dois anos, o Salão do Automóvel foi o palco de inauguração das duas novidades que encerram o ciclo de renovação da Chevrolet brasileira. Se o Onix chegou para atacar nos segmentos de entrada, a Trailblazer é outro projeto totalmente brasileiro mas que disputa o outro extremo da gama da marca. Agora a filial da GM em nosso país se encontra em sintonia quase completa com os mercados estrangeiros, a qual você pode conhecer mais um pouco com a novidade deste artigo.
Vale lembrar, no entanto, que o novo SUV traz um nome com certa tradição. O mercado norte-americano já oferecia uma Blazer desde os anos 1970, mas a geração que também chegou ao Brasil foi a de vinte anos depois. Ali também se oferecem a irmã maior Tahoe e a bem maior Suburban, mas como se trata do que deve ser o maior consumidor de veículos grandes do planeta, ainda havia uma lacuna válida de preencher. O nome Trailblazer surgiu como uma versão de luxo para a Blazer em 1999, mas três anos depois virava um modelo separado e maior que a ascendente. Essa linha tão organizada só se pôde manter nos Estados Unidos, porque nenhum outro mercado apresenta interesse parecido em veículos desse porte. Isso fez a GM abusar da criatividade (ou de sua falta) à hora de batizar os SUVs que começou a lançar: além das derivações vendidas sob as marcas-irmãs Buick, GMC e Oldsmobile, a própria Chevrolet exportou a Tahoe como Grand Blazer por alguns anos, para mercados que incluíram o Brasil. Hoje em dia a GM reservou a gama de SUVs aos Estados Unidos e priorizou crossovers e minivans para os demais mercados, mas a saudosa Blazer ainda tinha uma clientela fiel, ao lado de sua versão picape S10. Esse potencial teve direito a um modelo dessa vez projetado já com foco fora dos EUA, e começou a chegar às nossas revendas com a picape, em fevereiro deste ano.
Engana-se, entretanto, quem pensar que o novo SUV é apenas uma versão fechada do modelo com caçamba. A nova Trailblazer (nome agora exclusivo deste carro) elevou o luxo da linha além do nível já interessante da S10, buscando as famílias com exclusividades como os sete lugares – a cabine agora ostenta enorme espaço interno, digno das minivans médias e grandes e seguindo o conceito Dual Cockpit de desenho interior. Já o lado de fora ganhou desenho exclusivo a partir das portas traseiras, não só para realçar as boas-vindas aos ocupantes como também para dar personalidade própria ao SUV: os paralamas abaulados ajudam na sensação de imponência iniciada com a dianteira, ao passo que as janelas de perfil baixo com as últimas unidas ao vidro traseiro ajudam na leveza e dinamismo visual – o resultado ficou bem diferente da impressão de carro comprido vista no Traverse norte-americano, por exemplo. Esse alto nível coloca a Chevrolet brasileira de novo em posição de competir num segmento há tempos dominado pela concorrência. Afinal o Captiva disputa outro público, e com isso só consegue atender uma parte dos clientes do segmento, que já não olhavam para a Blazer antiga porque suas sucessivas tentativas de barateamento já não compensavam a idade do projeto.
Por trás do nome “incrementado”, a Trailblazer encerra as críticas com um projeto global de última geração, que será distribuído para várias partes do mundo – o primeiro deles foi a Tailândia, alguns meses atrás. Voltando ao Brasil, este carro ficará num patamar pouco acima da S10, na mesmíssima estratégia que a Toyota faz com Hilux e SW4, e que a Ford em outros tempos fazia com Ranger e Explorer. No caso da Chevrolet, o SUV começa as vendas no Brasil em novembro apenas na versão LTZ, por enquanto. Isso significa o pacote completo da S10 mas acrescido de luxos como sistema de som multimídia de qualidade premium, touchscreen de 7” como acessório, e a segunda e terceira fileiras de bancos rebatíveis no estilo Flat Floor: trata-se de sistema parecido ao de minivans como a Zafira, em que os bancos dobrados formam uma continuação plana ao assoalho do porta-malas. Outra novidade interessante se esconde sob o capô da versão LTZ: a chegada do 2.8 Duramax turbodiesel e seus 180 cv já era certa, mas a Trailblazer volta com os tempos áureos da antecessora ao oferecer uma opção V6: os fãs da antiga Blazer Exclusive poderão desfrutar de um 3.6 V6 a gasolina (que não é o do Captiva) de 239 cv por R$ 175.450, enquanto a versão a diesel fica em R$ 145.450.