Assim como as arquirrivais conterrâneas, a BMW vem desenvolvendo um processo muito interessante de adaptação ao mercado brasileiro, nos últimos anos. A melhor notícia até agora foi a confirmação da construção de uma fábrica em solo nacional, mas isso jamais seria motivo para abandonar o que se vinha fazendo desde antes. Uma das maiores razões para o recente aumento das vendas dessas marcas no Brasil é ter descoberto em que modelos focar, cujo fruto mais recente é a chegada do modelo deste artigo.
As publicações que definem como errônea a estratégia inicial das montadoras de luxo para o Brasil são tão numerosas porque isso só vem se provando mais verdadeiro com o passar do tempo. Por mais que a parcela de consumidores que compra veículos de alto luxo venha ganhando cada vez mais importância, outro fato é que ela nunca vai deixar de ser pequena, em comparação ao público das faixas de preço inferiores. Vender modelos como as Séries 5 e 7 sempre terá o poder de atrair admiração e respeito mesmo de quem não se interessa tanto por carros, em especial nas versões que focam na esportividade ou ecologia e portanto servem de “vitrine tecnológica”, mas converter toda essa reputação em vendas palpáveis requer seguir o caminho oposto. É por isso que mesmo no mercado europeu os campeões de venda dessas marcas são A4, Série 3 e Classe C, para não sair dos fabricantes alemães, e também é por isso que os modelos mais cotados para ganhar produção brasileira sejam as duas primeiras famílias dessas gamas. A Mercedes-Benz pode ter sofrido críticas, mas não se pode negar que sua atitude com a publicidade do novo Classe A deu à categoria “luxo de entrada” o maior destaque que já teve entre nós. É por isso que a BMW pretende contra-atacar com o equivalente que possui.
Guardadas as proporções, é interessante reparar que o pacote M Sport cumpre para os BMW a mesma função que as versões Sporting para a Fiat brasileira. Depois de chegar na versão “carro-chefe” 118i e mais tarde expandir a oferta para baixo com a 116i, a atual geração da Série 1 começa a apostar a esportividade. A famosa M135i ainda não teve sua vez, mas o fato é que as rodas e o kit aerodinâmico exclusivos da 125i M Sport atraem os fãs da esportividade que querem distância das versões urbanas mas não fazem questão da pura esportividade – a BMW foi esperta em lançá-la agora porque esses mesmos fãs em muito breve serão disputados pelos equivalentes das rivais, A3 Sport e A250 com pacote AMG. A lista de itens do novo BMW inclui ar-condicionado, central de entretenimento com touchscreen de 8,8”, controles de estabilidade e tração, direção hidráulica, farois de xenônio, freios com ABS e EBD, sensor de estacionamento, sistema de som multimídia com sete alto-falantes e disco rígido de 12 GB e tecnologia start/stop. Mas seu destaque está mesmo sob o capô: o hatchback busca retornar os R$ 154.950 com um 2.0 biturbo que gera torque e potência de 31,6 kgfm e 218 cv, que usa tração traseira e um câmbio automático de oito marchas para levá-lo de 0 a 100 km/h em 6s2 e à velocidade máxima de 243 km/h.