Assim como com a vida de qualquer um de nós, analisar o mundo dos carros sob alguns pontos de vista em especial revela que ele também é composto de paradoxos bem interessantes. Os modelos precisam correr muito mas sem gastar demais, oferecer sofisticação sem que o preço aumente muito, trazer bom espaço interno sem crescer demais por fora… Lidar com tantos pares de estímulo e restrição é muito difícil, mas é só assim que se consegue o sucesso. É o que a Jaguar vem fazendo com este belíssimo sedã.
Embora não pareça, o XF já está em seu quinto ano de produção. Esse sedã forma parte da geração mais recente dos veículos ingleses, que finalmente abandonaram as linhas clássicas típicas da Jaguar para apostar em aliar esportividade à elegância sóbria que fez a fama de nomes como S-Type e XJ8. A ideia é aproveitar o prestígio que ela construiu ao longo dos anos para elevar seus números de venda, meta que depende bastante do sucesso nas vendas para os novos mercados. A parte da Jaguar pode-se dizer que foi cumprida e muito bem, porque o XF consegue impressionar tanto quanto seu irmão (ainda mais) luxuoso XJ ou seus irmãos esportivos XK e F-Type. Suas linhas exalam modernidade sem perder a discrição, com uma escolha de proporções que não pretende atrair todos os olhares por onde passa, mas sim prender os que repousam sobre o XF por muito tempo. Elaborar todo esse projeto foi responsabilidade da área de Ian Callum visando competir no nível médio dos carros de luxo, que mistura nomes como BMW Série 5, Chrysler 300, Volvo S80 e, em muito breve, Maserati Ghibli. A questão é que por melhor que venha a ser a imagem desta categoria, os números de vendas mais palpáveis estão mesmo é na vizinha de baixo.
Em momento algum se fala em reposicionar o XF, mas o fato é que sua mais nova versão a chegar ao Brasil lhe torna um concorrente de peso para as versões de topo dos sedãs do “luxo de entrada”, tais como BMW 335i, porque nesses casos o preço menor se consegue principalmente pela troca do motor: este XF deixa de lado o 3.0 V6 para usar o 2.0 EcoBoost com potência de 240 cv e torque de 34,6 kgfm, que é compartilhado com Ford Fusion e Land Rover Range Rover Evoque mesmo no Brasil – o Jaguar combina este motor a um câmbio automático sequencial de seis marchas. Os R$ 224.990 se fazem notar também na cabine, que inclui ar-condicionado automático, bancos dianteiros com regulagens múltiplas, central de entretenimento com tela de 7”, farois de xenônio, auxílio à baliza com câmera de ré e sensores, sistema de entrada sem chave, rodas de liga leve de 18” e teto solar elétrico, além de uma exclusividade do XF na categoria: sua cabine vem revestida inteira em couro, combinado a detalhes em alumínio ou madeira, trazendo várias combinações de cores e materiais. Este modelo faz companhia à versão Portfolio, que traz o 3.0 V6 comentado e seus 340 cv, e à esportiva XFR, que fascina os amantes do bom desempenho com o 5.0 V8 de 510 cv.