Várias vezes já se comentou que as montadoras chinesas estão dando os primeiros passos no mesmo processo que as coreanas estão por terminar, e que as japonesas terminaram há cerca de dez anos. Expandir as operações a novos países costuma trazer aumentos de vendas fabulosos, mas somente quando a marca consegue conquistar cada público. A trajetória da Lifan não teve o melhor dos inícios no Brasil, mas ela está muito dedicada a ganhar a nossa confiança. A prova mais recente disso é o crossover deste artigo.
Grande parte da desconfiança do brasileiro com respeito às montadoras com pouco tempo de operação no país ainda remete ao final dos anos 1990, por causa de más experiências com algumas das que se apressaram para aproveitar a reabertura das importações (veja alguns detalhes disso clicando aqui). Não se pode negar que esses eventos surgiram há cerca de quinze anos, mas são justificados pelo fato de que abriram a consciência do público, que passou a dar mais valor à qualidade em manutenção e pós-venda e, portanto, comprar mais das marcas que investem mais em tudo isso. A Lifan começou a entrar em problemas com o Brasil por causa da Effa, que até pouco tempo atrás lhe representava no continente. Suas operações chegaram a se suspender por um tempo, deixando os donos destes carros com o antigo medo de ficar com um “mico de vendas” na mão. Os chineses decidiram assumir eles mesmos as próprias atividades e investiram mais na fábrica uruguaia, enquanto já se afirmou que a rede de assistência técnica brasileira vai aumentar em ritmo bem mais intenso. Tudo para deixar muito claro que eles não só vão continuar no Brasil como também farão esforços maiores para conseguir uma participação mais palpável no mercado.
Tais esforços começam por reformar a linha vendida no Brasil. Encerra-se a oferta dos pioneiros 320 e 520 e inicia-se a do crossover destas imagens, cujo conjunto enfrenta diretamente a Ford EcoSport, Renault Duster e ao conterrâneo Chery Tiggo. Seu desenho não provoca suspiros, mas ganha mérito muito grande por ter um capricho que finalmente não recorreu a copiar os concorrentes – é uma pena que a marca tenha economizado em detalhes, como uma simples pintura preta para as molduras das janelas. Pelo menos a cabine repete a boa impressão, com elementos de bom gosto e condizentes com as tendências atuais. As imagens já mostram o velocímetro digital e a famosa central multimídia com touchscreen, mas os R$ 52.777 pedidos pela Lifan incluem muito mais: o X60 traz de série airbag duplo, bancos em couro ecológico, ar-condicionado, câmera de ré, direção hidráulica, DVD player, GPS, rodas de alumínio aro 16”, sensor crepuscular, sistema de som multimídia com controles no volante, vidros elétricos e lanternas e luzes diurnas em LEDs. Pontos negativos, no entanto, estão em o crossover não agradar nem a quem desejar mais conforto e nem aos fãs do off-road leve: não há opção de câmbio automático e nem tração 4x4. O trem-de-força, portanto, fica restrito ao 1.8 16v com câmbio manual e tração dianteira, gerando potência e torque de 128 cv e 16,8 kgfm sempre com gasolina.