Lembra daquele comercial de televisão que fez a primeira menção oficial da Chevrolet sobre a vinda do Tracker ao Brasil? Então você também deve lembrar que outro destaque importante – e ainda mais desejado, certamente – era a curta cena em que o Camaro aparecia já com o facelift que recebeu nos Estados Unidos há alguns meses. Até então ainda nem se falava nada sobre a sua vinda ao país, mas bastava observar seu desempenho no mercado e até na opinião pública para saber que essa espera não seria nem um pouco longa.
Por mais que os esportivos costumem ter carisma bem maior, seja pela tradição do nome, desempenho elevado, design sedutor ou uma combinação desses fatores, suas vendas não costumam fugir do padrão dos veículos que alcançam preços similares através do alto luxo. Carros de preços mais elevados não se veem nas ruas com muita facilidade porque seu mercado consumidor é reduzido e costuma valorizar a discrição. Porém, o Camaro passou a ser uma exceção no Brasil porque sua imagem ganhou mais notoriedade. Ele não deixou de ser um carro caro, mas passou a ser familiar a muito mais gente do que a maioria dos modelos que se podem apontar como rivais diretos.
Parte dessa divulgação veio da canção sertaneja, é verdade, mas ele não teria sido nem mesmo selecionado para ela se trouxesse um conjunto diferente. O Camaro não procura números de desempenho alucinantes porque na verdade sua intenção nunca foi essa – na linha da Chevrolet, quem toma conta deste papel é o Corvette. O cupê deste artigo investe mesmo é no carisma de imagem, que obtém trabalhando suas características em proporções diferentes das usadas em um superesportivo típico: ao deixar de lado a preocupação extrema com aerodinâmica ou redução de peso, ele pode apostar em um visual mais livre e aliá-lo a uma lista de itens recheada e um motor muito bom sem alcançar preços proibitivos demais.
Analisar as mudanças do Camaro para 2014, então, permite concluir que a vontade da Chevrolet foi aperfeiçoar sua receita, sem pensar em alterá-la. A dianteira trocou de farois e grade para que estes formem uma faixa mais estreita, enquanto a entrada de ar inferior ficou maior e, na versão SS, é ladeada por molduras quadradas para os farois de neblina. Esta versão é de novo a única a vir para o Brasil, e ainda adiciona pela primeira vez um extrator de ar no capô. As laterais ganharam novas rodas de 20”, e seu formato musculoso termina em uma traseira cujas lanternas agora usam elemento único: ficaram mais largas para homenagear o conjunto do primeiro Camaro, dos anos 1960. O parachoque ganhou uma faixa preta maior e o spoiler ficou mais destacado.
Porém, a cabine não demora a indicar que todo o ganho em agressividade ficou no lado de fora. A moldura das saídas de ar centrais é nova, a central de entretenimento MyLink agora usa a nova versão (continua incorporando comandos de câmera de ré e GPS, entre vários outros), e o motorista pode contar com o head-up display, que projeta informações do carro no para-brisa. Isso é o que justifica seu aumento de sete mil reais, que faz a nova fase sair por R$ 210.000. Oferecido em amarelo, branco, vermelho e preto, ele mantém o motor 6.2 V8 de 406 cv e 56,7 kgfm com câmbio automático de seis marchas, assim como a aceleração de 0 a 100 km/h em 4s8 e a velocidade máxima de 250 km/h, limitada eletronicamente.