Uma das tão numerosas expressões típicas do mundo automotivo é a “banalização de imagem”, que se torna curiosa pelo fato de que é possível defini-la como o resultado de vender bem demais. Esse temor cresce entre as montadoras de acordo com as faixas de preço nas quais trabalham, em uma relação tão alta que no mercado de luxo motiva decisões como a da Ferrari de limitar sua produção anual. O caso do Evoque não chega nem perto disso, mas merece destaque pela classe com que a Land Rover o resolve.
Para uma empresa, lidar com a imagem que passa ao seu entorno é sempre uma tarefa muito complicada porque já é difícil definir seu conceito, antes mesmo de tentar governá-lo. O que se sabe com certeza é que as maneiras possíveis de trabalhá-la são muitas, mas ao mesmo tempo que as que dão resultados positivos não só são poucas como variam muito com cada caso. Fora o detalhe de que afetá-la de forma negativa é tão fácil quanto fazê-lo de forma positiva é difícil. Mas mesmo com tudo isso, as empresas não desistem de lidar com esse aspecto porque ele nunca vai deixar de ser um dos caminhos mais importantes para se alcançar uma boa impressão por parte do público consumidor, e consequentemente permitir a própria empresa a esperar vendas satisfatórias.
Essa questão tem importância em todas as categorias de mercado, mas muito maior no de luxo porque além de o preço não ser um argumento forte, o nível dos produtos é homogêneo e sobe rápido. Acaba cabendo à imagem do conjunto, então, “desempatar” a decisão do cliente. A tal banalização entra em cena porque tem relação com as sensações que se buscam ao adquirir esse tipo de produto. Vendas grandes deixam de ser desejáveis quando tornam o produto exposto demais, porque lhe retiram as ideias de exclusividade e distinção que passava antes. Tanto sucesso do Evoque poderia preocupar sua marca por conta do uso incrementado do nome “Range Rover”, mas o fato é que a estratégia construída por ela é muito boa.
Afinal, o caçula é tão diferente dos “irmãos” que se fosse lançado apenas como Evoque faria até mais sentido. O que mantém seu prestígio em alta mesmo com tantas unidades sendo vendidas ao redor do mundo são as edições especiais, como a que foi lançada no último Salão de Bruxelas e acaba de chegar ao Brasil. Como suas versões convencionais trazem tantas opções de personalização visual, as séries limitadas conseguem chamar atenção por conta da uniformidade que propõem. Depois da Victoria Beckham, a edição Sicilian Yellow combina amarelo e preto para acentuar a esportividade do carro, segundo a marca. Da tiragem de duzentas unidades nosso mercado terá vinte, todas com carroceria de duas portas em preto e teto e capas dos retrovisores em amarelo.
Partindo da versão Dynamic Tech, o Evoque especial soma luzes dianteiras escurecidas, rodas de 20” pretas e spoiler traseiro, na parte externa. A cabine chama atenção pela vistosa faixa amarela no painel, que é respondida pelas costuras dos bancos esportivos revestidos em couro preto. Essas são as duas cores que imperam em uma cabine que já nas versões convencionais era recheada de equipamentos de luxo e conforto. Custando R$ 266 mil, o Evoque Sicilian Yellow também repete o trem-de-força, que é composto pelo motor 2.0 turbo de 240 cv e pelo câmbio automático de seis marchas, que conta com opção de trocas sequenciais feitas por borboletas atrás do volante.