Assim como a moda, a indústria automotiva muda de tendências com muita facilidade. Seja por necessidades, como a redução de consumo e emissões trazida pelo downsizing de motores, ou por aspectos mais emocionais, como os elementos de design ou mesmo as categorias de carro que se passam a usar mais que as demais, hoje já se pode dizer que o conceito “ideal” de carro muda a cada cinco anos – se não menos. É para aproveitar uma dessas reviravoltas que a Volvo acaba de renovar sua linha de médios no Brasil.
Várias vezes se comenta que o mercado dos carros de luxo vem vivendo épocas cada vez melhores por aqui, mas também é interessante estimar a projeção que essa situação terá nos próximos anos. Fabricar aqui as linhas mais acessíveis tem tudo para aumentar as vendas das “três grandes” alemãs, tanto pelas reduções de preços que tanto se esperam como por tornar sua imagem frente aos brasileiros ainda melhor. Essa estratégia vai aproximá-las do grande público, mas para isso vão ficar um pouco mais afastadas dos valores que mantiveram sua fama até alguns anos atrás. Audis ou BMWs nunca vão ser tidos como carros populares, mas é inevitável que esse incremento de divulgação vai afetar uma parte da ideia de exclusividade que sempre lhes circundou.
Em outras palavras, por mais que essa maior integração delas seja muito bem recebida pela maioria do público, também vai existir uma parcela fiel o suficiente a valores como discrição e exclusividade para decidir procurá-los em outras concessionárias. Parcela essa cujo tamanho vai depender de fatores como a publicidade que essas empresas farão para o novo momento no país (lembra da polêmica que a Mercedes-Benz causou com o vídeo do novo Classe A?). E quer saber quem vai se esforçar para atender a esse novo público? Marcas que até agora não conseguiram se firmar no mercado de luxo justamente porque sua imagem não se vê como boa o suficiente para convencer a desistir de um alemão. É o caso de Jaguar, Lexus e da empresa deste artigo.
Como suas vendas não são expressivas o suficiente, a Volvo integra o grupo que ainda não planeja construir uma fábrica no Brasil. Já que isso lhe obriga a importar com impostos elevados, a única saída é compensá-los com o lucro maior de trazer as versões de topo da sua linha, o que acaba também convergindo à questão de se preservar fiel aos “conceitos originais” da imagem de uma marca de luxo. Este é o ponto de vista que justifica a forma em que a linha de médios dos suecos completa sua renovação por aqui, na verdade. Depois de fazer sua estreia com o hatchback V40 há poucos dias, a linha esportiva R-Design agora desembarca em sua nova fase para S60, V60 e XC60 de uma vez, completando sete opções.
As primeiras observações já notam que esse conjunto faz concorrência aos equivalentes das três marcas alemãs, mas são as mais detalhadas que revelam que ele vai um pouco mais longe. Além das opções de cores chamativas, o exterior ganha parachoques exclusivos com desenho mais agressivo, com o traseiro incluindo o difusor de ar, cromados para capas dos retrovisores e saídas do escapamento, emblemas alusivos, spoiler traseiro para a perua e belíssimas rodas de liga leve, que vão de 18” a 20”. Já o interior ganhou bancos esportivos com apoios laterais maiores, volante exclusivo e alumínio nas pedaleiras e nos detalhes do painel. Também chama atenção o quadro de instrumentos digital, cujo grafismo muda com o modo de direção escolhido.
Já a parte técnica conta com altura de rodagem reduzida em 15 mm, molas e amortecedores específicos e vários outros componentes de suspensão retrabalhados para aumentar a esportividade. Como já era de se esperar, todo esse nível de equipamentos encontra resposta na parte de segurança, através de um extenso pacote de protetores ativos e passivos que vem inteiro de série. Por outro lado, este lançamento também marca a chegada do facelift de S60 e V60 ao Brasil, cujo redesenho dianteiro concentrou os farois em elementos únicos para tornar a grade mais larga e aumentar a sensação de imponência do conjunto. Além disso, tanto os lavadores das luzes como os LEDs diurnos mudaram de posição.
Ao contrário do V40, as versões T5 dos outros modelos com o pacote R-Design será acompanhada da T6 – vale lembrar que enquanto este e o XC60 oferecem versões “civis”, o sedã e a perua só vêm ao país nestas variações. As versões T5 usam um 2.0 com turbo e injeção direta de 240 cv, com câmbio automatizado Powershift de seis marchas, dupla embreagem e opção de trocas manuais – R$ 154.950 para o S60, R$ 159.950 e R$ 189.950 para o XC60. Já as T6 contam com o 3.0 seis-cilindros com as mesmas tecnologias, mas que produz 304 cv e utiliza tração integral e câmbio automático Geartronic, com seis marchas e opção de trocas sequenciais. Nesta, o S60 acelera de 0 a 100 km/h em 5s9 e custa R$ 205.950, números que vão a 6s e R$ 209.950 para a V60 e 6s9 e R$ 249.950 para o XC60.