Embora seja um grande costume das publicações especializadas, falar de linhas de carros comparando com o conceito de família dos seres humanos é uma metáfora que só se aproximida da realidade quando se tem o "compartilhamento de plataforma". Esta é a característica da construção de automóveis que mais se assemelha ao que a genética é para nós, e nas últimas décadas vem ganhando importância cada vez maior nas estratégias das montadoras. Também é ela, aliás, que motiva a novidade que este artigo apresenta.
Quando se fala em carros, o conceito de plataforma não se define com muita precisão porque sua extensão varia muito. A ideia básica é que ela se refere à parte “não-visível” de um automóvel, como arquitetura elétrica, trem-de-força, freios, suspensão e parte da estrutura geral. Projetar múltiplos modelos que usem os mesmos desses elementos traz a economia de que cada trabalho desses passa a ter uma parte já pronta, o que permite à empresa definir em forma individual somente os aspectos como design interior e exterior e que equipamentos cada carro desses terá. Essa estratégia permite criar plataformas melhores, porque o orçamento se divide menos, e reduz o desenvolvimento de um carro novo tanto em tempo como em custo, o que pode convergir a preços menores.
Porém, esse vínculo que se forma entre os carros não termina com o lançamento. Como esses “irmãos” passam a ter várias partes em comum, promover alterações em um precisa significar alterar os outros também. Precisa porque se um certo elemento for oferecido só para uns e não para os outros a empresa teria que manter mais de uma linha de produção, e com isso a vantagem de todo esse conceito se desfaria. É por isso que os mais atentos às novidades do mundo automotivo já se permitem criar algumas expectativas “mais certas” que outras: se surge um facelift em um modelo, por exemplo, ele quase sempre chega às demais versões de sua linha em intervalos de poucos meses.
Com a chegada de novos equipamentos a situação é a mesma, e é este último caso o que se vê aqui. Após o sedã 408, agora é o hatchback 308 que trocou de câmbio automático nas versões com motor 2.0, passando ao mesmo equipamento de seis marchas até então restrito ao 1.6 THP. As duas marchas a mais permitem aproveitar melhor a força gerada pelo motor, que por sua vez foi recalibrado. Ainda gerando até 151 cv e 22 kgfm, o multiválvulas trouxe acelerações e retomadas em tempos menores ao mesmo tempo que melhorou o consumo, em relação ao câmbio antigo. Porém, mais uma vez exatamente como foi feito com o três-volumes, o hatchback médio ganhou melhorias também em outros aspectos.
Agora o conjunto privilegia a economia quando se coloca o câmbio em modo Drive, ao passo que o Sport traz ajustes mais esportivos. Em paralelo, a suspensão de todas as versões trocou as buchas de articulação e recebeu um calço de elastômero na traseira e novos apoios de mola na dianteira, tudo com a finalidade de filtrar melhor as imperfeições do piso sem perder o conforto da direção. De resto, o 308 permanece o mesmo veículo que fez seu desembarque no Brasil no começo do ano passado – ele é fabricado na Argentina. A única mudança em suas versões é que o câmbio automático novo vai para a Allure 2.0, que nesta configuração parte de R$ 64.990.
Peugeot 308 Roland Garros (14/11/2014)
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Peugeot 308 Quiksilver (08/12/2014)
Seguindo o irmão menor 207, o hatchback médio é o mais novo modelo a se beneficiar da parceria entre a Peugeot e a grife de acessórios esportivos. No entanto, esta edição se restringe a novidades estéticas: o exterior sempre usa a cor branco Banquise, e traz farois com máscara negra, LEDs diurnos, capa dos retrovisores em preto, rodas de liga leve aro 17” e o teto Cielo. A cabine, por sua vez, soma ar-condicionado bizona, e a logomarca Quiksilver em bancos e tapetes (ela também vem nas portas dianteiras). O 308 Quiksilver custa R$ 63.190, sempre usa o motor 1.6 16v FlexStart de até 122 cv com câmbio manual, e será produzido em uma tiragem de 600 unidades.