Por mais que toda marca mencione o gosto por inovar, especialmente quando fazem publicidade de algum tipo. Porém, executar a inovação costuma ser muito difícil por vários aspectos, desde o simples encontrar em que inovar até engendrar a forma com que essa novidade pode ser oferecida de forma rentável. No Brasil, a BMW agradou muito por ter decidido apostar na fábrica brasileira antes de suas rivais diretas. E agora que começou a efetivá-la, aproveitou o mesmo evento para divulgar uma primazia até maior.
Construir fábricas em solo nacional costuma ser muito importante para os países maiores porque representa um nível elevado de compromisso entre a montadora e o país. Para as que acabam de chegar isso ajuda a formalizar a mensagem de que suas operações serão grandes e pretendem durar por muito tempo, o que interessa ao cliente porque lhe inspira confiança. Já as que construíram sua reputação somente importando, o que é o caso da BMW, podem aproveitar essa nova fase tanto por conta das vantagens tributárias – que permitem reduzir o preço final – como pela chance de ampliar a oferta no país. Ambos casos só podem funcionar se seu público consumidor for grande, de forma que o primeiro precisa apostar bem alto.
Passada essa fase, a próxima tarefa importante é definir que modelos produzir no novo local. É preciso estudar tanto o que o público deseja como a recepção que cada opção tem. A BMW definiu que vai produzir um total de cinco carros no Brasil, mas o Série 3 sedã seria o favorito mesmo que se escolhesse só um. Ele é tão aclamado no mundo todo por uma longa lista de razões, e a situação do Brasil não é diferente. Mas se Audi e Mercedes-Benz já criaram A3 Sedan e CLA para brigar entre nossos sedãs grandes, a arquirrival da Bavária vem preferindo difundir o carisma de seu carro-chefe, através de formar versões cada vez mais enfocadas no gosto do brasileiro sem deixar de lado os valores alemães que lhe mantém até hoje.
Claro que motor bicombustível já é uma realidade brasileira há muito tempo, e que nasceu com o Gol Total Flex de terceira fase. A diferença do 320i é ter o primeiro motor turbinado no mundo a aceitar mistura de gasolina e etanol em qualquer proporção. Isso se mostra tão importante porque assim como os motores “flex” já dominam o mercado brasileiro, a indução forçada tem potencial para dominar os carros de todo o mundo. Ela é a principal expressão do downsizing, que consiste em aumentar a tecnologia embarcada em motores pequenos para manter seu consumo reduzido mas aliá-lo a uma performance digna de propulsores maiores. Existem outras formas de se conseguir isso, mas as turbinas são de longe as mais emblemáticas.
Tudo isso é o que torna a conquista da BMW digna de entrar para a nossa história automotiva. Seu motor “turbo flex” lhe fez superar até mesmo Chevrolet, Fiat, Ford e Volkswagen, e tem muitas chances de ser estendido aos outros modelos da marca que chegam aqui com o mesmo motor, tais como Série 1, X1 e X3. Mas por enquanto ele aparece apenas no 320i sedã sob o sobrenome ActiveFlex, nas versões básica por R$ 129.950, GP por R$ 143.950 e Sport GP por R$ 154.950. Pode-se dizer que sua única mudança foi a flexibilidade, porque em todo o resto ele é o mesmo carro. Exterior, cabine, mecânica… Até mesmo a potência manteve os 186 cv. Com isso, o 320i a gasolina já não se oferece mais no país.