Com a enxurrada de lançamentos que se fazem em qualquer mercado automotivo ano após ano, é muito fácil que um modelo venda bem somente enquanto tenha o sabor de novidade. Afinal, por mais que atributos técnicos e de desenho tenham importância enorme, muita gente também valoriza muito o gosto de ter o “carro da moda”. Este contexto é o que torna o topo-de-linha da Jeep muito interessante no Brasil. Com as estratégias que segue, ele vem se mantendo um dos nossos sonhos de consumo há vinte anos.
Sua estreia entre nós se fez com pouco atraso em relação à norteamericana. Em meio à enxurrada que se fez na época, esta graças à reabertura das importações de 1990, a nova opção da Jeep atraía por trazer um nível de luxo sem comparações com os irmãos Cherokee e Wrangler, mas combinado a um conjunto muito mais adaptado aos novos tempos que o Grand Wagoneer que sucedeu. Tudo isso lhe tornou capaz de manter uma rivalidade muito interessante com o Land Rover Range Rover, apesar de que ela existiu mais entre os fãs que nas ruas; além das diferenças de preço, eles não eram vendidos em muitos países em comum. Hoje em dia, por mais que eles compitam em mais países, suas diferenças também aumentaram.
Enquanto o inglês se aperfeiçoou no nicho de luxo muito alto, o Grand Cherokee se manteve no degrau inferior como uma opção mais próxima da maior parte do público-alvo. Enquanto sua primeira geração era fiel à ideia de um Cherokee revisado com foco no requinte, a segunda trilhou caminho próprio e assumiu de vez as linhas limpas e arredondadas dos anos 1990, tendo estreado em 1998. Já a terceira veio em 2004 e se entregou aos vincos fortes e as linhas retas que se tornaram famosos na década seguinte, ao passo que a quarta evoluiu muito na esportividade, ganhando um ar muito mais “casual”. Esta última é a que agora se prepara para 2014 com um facelift, que estreou no último Salão de Detroit.
Vale a pena observar as imagens com calma porque a Jeep fez um trabalho muito bom. O modelo não teve alterações profundas de verdade, mas as que teve fazem parecer bem mais diferente. A dianteira passou a envolver grade e farois em um mesmo elemento, o que ajuda a realçar a largura do carro. Estes últimos, aliás, ganharam desenho menor e luzes diurnas em LEDs, ao passo que o parachoque ficou mais agressivo. As laterais não mudaram muito, como é de costume em casos assim, mas na verdade a traseira tampouco. A diferença está em que as lanternas dispensaram a faixa cromada de antes: além de gerar toda uma nova impressão, o carro se distancia do desenho que o “primo” Dodge Durango mantém.
Entrando no carro, as novidades começam pela adoção de materiais de melhor qualidade. O volante ficou mais estiloso, o quadro de instrumentos personalizável é composto por uma tela LCD de 7”, e a central Uconnect de entretenimento usa outra tela, esta de 8,4” e tátil, para comandar toda a série de funções que já aparecem nesses equipamentos como praxe. Alguns equipamentos da lista são restritos à versão de topo Limited (R$ 214.900), tais como as rodas de liga leve de 20”, mas a maior parte já se encontra desde a Laredo (R$ 185.900). Outra semelhança entre elas é a estreia com o motor 3.6 V6 Pentastar, que gera 286 cv e 35,4 kgfm e se associa ao câmbio automático de oito marchas com paddleshifters.
Limited Diesel (23/04/2014)
Excetuando o caso do mercado norteamericano, motores a diesel são de longe a opção favorita de quem compra utilitários de porte grande. Afinal, eles recompensam a potência menor com um nível de torque impressionante, e vêm confiando na tecnologia para deixar no passado as queixas de barulho e vibrações excessivas. E tudo isso ainda tem a vantagem do combustível mais barato! É por isso que a mais nova versão do Grand Cherokee sempre foi uma das favoritas de sua linha. Agora ela acompanha as movidas a gasolina na mais recente atualização que o modelo recebeu para a linha 2014, chegando ao mercado brasileiro por R$ 239.900 somente na versão topo-de-linha Limited.
Seu maior destaque, como era de se esperar, é o 3.0 V6 turbo, que gera potência de 241 cv e torque de 56 kgfm, este último entre 1.800 e 2.800 rpm. O câmbio é sempre um automático de oito marchas, de forma que o Grand Cherokee nesta versão acelera de 0 a 100 km/h em 8s2 e alcança a velocidade máxima de 202 km/h. O modelo é produzido nos Estados Unidos, e repete o nível de requinte e a lista de itens vistos na variação Limited movida a gasolina. Uma diferença importante é o tanque, que aqui chega a 93 litros e lhe proporciona a excelente autonomia de 1.400 km na estrada – o consumo médio é de 13,3 km/l. Este modelo já está à venda nas 42 concessionárias do Grupo Chrysler do Brasil.