Quando se fala em carros chineses, as primeiras associações que se costuma fazer são negativas. Design de gosto duvidoso, qualidade de construção baixa, segurança reduzida… Porém, também é verdade que a maioria das montadoras daquele país quer mudar essa imagem – as exceções são as que insistem em imitar carros alheios. E quando se fala nesse desejo de mudar, o esforço que vêm fazendo é grande. Pode não dar todos os passos na direção correta, mas nem por isso se torna menos valorável. Um dos frutos mais novos dessa estratégia é o carro deste artigo, que acaba de ganhar montagem brasileira.
Caso você não lembre, a dupla Celer (hatchback e sedã) forma a linha de compactos da Chery, acima do modelo de entrada QQ. Eles atuam em um segmento de volume muito grande, mas a possibilidade de você não lembrar deles é considerável precisamente porque eles não têm muito desse volume. O mercado brasileiro ainda resiste muito aos carros chineses, por razões como as mencionadas no começo do texto, mas já deu várias provas de que é capaz de mudar quando a ocasião realmente o mereça – o caso mais recente foi a queda de vendas do Ford EcoSport, graças à vinda de concorrentes com melhor conjunto. Assim, é para aproveitar esse clima de otimismo que a Chery optou por fazer mais que uma simples atualização dos seus compactos.
Os dois já saem da fábrica de Jacareí (SP), mas com índice de nacionalização de 35%, falar que são “produzidos no Brasil” é esticar a definição do termo. As mudanças de estilo seguem o modelo chinês, e começam com o estilo. A dianteira ganhou linhas mais modernas e elementos de forma mais horizontal, que o ajudam a parecer mais largo. As laterais permaneceram intactas, como é de costume em facelifts, mas a traseira mudou apenas no três-volumes: vieram lanternas maiores, que avançam sobre a tampa do porta-malas, e esta última trouxe vincos mais imponentes, que dão mais destaque ao logotipo da empresa. Não é nada que impressione, mas o resultado ficou realmente mais agradável, além de certamente ser fácil de notar nas ruas.
Passando à cabine, o painel foi completamente refeito, e agora ostenta linhas mais arrojadas. No caso do quadro de instrumentos, agora há uma pequena tela para o computador de bordo entre os mostradores. Os bancos, por sua vez, têm novo desenho e espuma mais densa. A impressão geral ainda é a de simplicidade, especialmente por elementos como o sistema de áudio básico, mas continua melhor que a do Celer antigo. Como em todo modelo chinês, a lista de itens de série é farta para a categoria: além dos mencionados, estão lá ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, farois com ajuste elétrico, e sensor de estacionamento traseiro. Por outro lado, hatchback e sedã ganharam a versão Act pela primeira vez, como opção ligeiramente mais equipada.
Neste caso, à lista anterior são somados alarme, farois de neblina, sistema de áudio com seis alto-falantes, e rodas de liga leve. O único opcional é uma central de entretenimento com GPS e televisor digital. Quando se fala no trem-de-força, a única opção continua sendo o 1.5 16v flexível, mas com nova calibração para passar a render 109/113 cv de potência e 14,2/15,5 kgfm de torque (gasolina/álcool) – o câmbio é sempre manual de cinco marchas. O novo Celer chega ao mercado começando em R$ 38.990 no caso do hatchback, e R$ 39.990 para o sedã – ambos ficam R$ 2.000 mais caros na versão Act. Nos quatro casos, a garantia é de três anos, e a paleta de cores oferece branco, cinza, prata, preto e vermelho.