Quando um automóvel é lançado, sua montadora aproveita os holofotes iniciais para pelo menos tentar definir a imagem que ele vai ter frente ao público. Seja através das propagandas, da seção que terá no site da empresa ou mesmo dos textos oficiais de imprensa, a ideia é associá-lo a alguns valores em particular, para começar a atrair o grupo de clientes que se deseja. No caso particular deste artigo, seu valor mais óbvio se resume com a palavra contraste. Tanto os que a marca exalta com gosto como os que tenta disfarçar.
Mesmo quem não se interessa por carros tem altas chances de identificar que quem aparece nestas imagens é o Sandero. Não se trata da facilidade com a qual modelos esportivos ou de luxo se distinguem, mas sim a que vem de vê-lo nas ruas com frequência. Ao lado do Logan, este carro ajudou a Renault a integrar o “segundo escalão” das montadoras brasileiras, ao lado de exemplos como Citroën, Honda, Hyundai, Peugeot e Toyota: aquelas que chegaram com força nos anos 1990 e só perdem em participação de mercado para as Quatro Grandes. O Sandero teve uma trajetória interessante também na Europa, onde é vendido sob a marca Dacia, mas não é isso que vai lhe tornar imune à passagem do tempo. Muito pelo contrário.
Sua vida se tornou mais difícil porque agora é que a sua idade começou a pesar. Ele já chegou à geração seguinte na Europa tanto sob Dacia como Renault e até na versão Stepway. E como se não bastasse, o Logan brasileiro já se encontra nessa nova fase. Trata-se de uma situação similar à da Citroën com a linha C4: por mais que a marca aparente negar, quando múltiplos carros têm “parentesco”, como variações de uma mesma família, a mudança de um quase sempre implica na mudança dos demais. Seja quando se muda de plataforma ou só se redesenha o mesmo projeto, a questão é que se procura compartilhar partes entre os novos, da mesma forma que os antigos faziam entre si. Com isso, atualizar a todos é mais conveniente porque evita manter linhas de produção separadas.
Em outras palavras, a série limitada Tweed tem como contraste mais básico o ar de novidade aplicado a um carro que já se encontra em seus últimos momentos. Já os outros são amplamente exaltados pela empresa, tais como a combinação entre preto e branco. No exterior, as imagens mostram que ela aparece entre a carroceria e as rodas e os acessórios exclusivos do Sandero Stepway convencional. Essas são as mudanças mais importantes do carro, que também troca o logotipo da versão de base pelo “Tweed”, com grafia que simula os monogramas de veículos clássicos. Se os detalhes pretos com carroceria branca lhe lembram muito da série Rip Curl, que o Sandero teve em 2012, as rodas brancas da outra opção certamente se saem melhor na tarefa de diferenciar o carro.
As maiores novidades estão na cabine. O contraste de cores mostra sua inclinação vintage especialmente nos bancos, cujas laterais são revestidas no tecido que nomeia a série e em padrão pied-de-poule. Isso se repete no quadro de instrumentos, que usa velocímetro preto e conta-giros branco e repete o logotipo exterior. Por fim, tal inspiração faz outro contraste com o painel, que conduz a atenção à touchscreen da central MediaNAV. Ela integra a lista de itens de série do Sandero Tweed, assim como sistema de som Arkamys 3D, conexão Bluetooth, ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico e volante em couro. Limitado a 1.900 unidades, ele usa câmbio manual e o 1.6 Hi-Power de 106 cv (R$ 47.390), ou câmbio automático de quatro marchas e o 1.6 16v Hi-Flex de 112 cv (R$ 51.640).