Lançar edições especiais de carros é uma prática comum em quase todo o mundo. Ajuda as montadoras a se livrar de algum estoque elevado, usa os holofotes para reanimar as vendas de um modelo antigo e ainda beneficia o cliente com produtos de melhor custo/benefício. Some todas essas à vantagem de que tudo isso pode se fazer com custos muito baixos, e você pode entender por que elas aparecem com tanta frequência. Esta daqui, por exemplo, tem tudo para provocar um déjà vu bem forte em quem conheceu o VW Gol Rolling Stones.
Casos como este são muito parecidos a quando produtos destinados a crianças aparecem com imagens de algum desenho animado: o produto em si não tem ligação com ele em momento algum, mas utiliza o símbolo famoso somente para atrair a atenção de seu público-alvo. Assim como o cereal matinal não vai mudar em nada por causa do personagem que aparece em sua caixa, dirigir este Onix não terá qualquer relação com música alternativa ou o show que se realiza em quatro países desde 1991. Mas como sempre existe muita gente pensando em comprar um hatchback, e grande parte dela são jovens, associar-se ao festival que atraiu todas as atenções nos primeiros dias deste mês é uma bela forma de promover o compacto da Chevrolet.
Ainda seguindo o pensamento de que seu público-alvo são os jovens, a montadora criou um pacote de aparência agradável sem se basear nas versões mais caras, o que deixou seu preço em R$ 41.890. O exterior traz a máscara negra com detalhes em Ice Blue para os farois, capas dos retrovisores na cor prata, antena esportiva e as rodas de liga leve aro 15” vistas no Prisma – o Onix usa o mesmo jogo na versão topo-de-linha LTZ, mas com detalhes em preto. Sem contar com os adesivos alusivos, que ostentam o logotipo do Lollapalooza nas colunas traseiras e na tampa do porta-malas. Este modelo pode vir nas cores azul Sky, branco Summit e laranja Flame, e sempre usa o motor 1.0 de até 80 cv, com câmbio manual de cinco marchas.
Manter tanta discrição no lado de fora foi uma decisão acertada porque não só permite que o carro agrade a mais gente como o faz em duas ocasiões diferentes: além de se mostrar uma boa compra como zero-quilômetro, ele tem tudo para chegar ao mercado de usados com boa liquidez, sem sofrer desvalorização excessiva por aspectos como cores de gosto duvidoso ou peças e adesivos chamativos demais. Em meio ao mar de carros novos que são oferecidos no Brasil dos dias de hoje isso pode parecer pouco importante, mas é no mercado de usados que vêm lembranças como as das cores de lançamento do primeiro Fiat Palio ou do amarelo exclusivo do Corsa Piquet, ambos lançados em meados dos anos 1990.
Esse comedimento do Onix se perde assim que suas portas são abertas, mas ele conseguiu fazê-lo de uma forma bem interessante. A predominância dos tons de cinza é quebrada por vários detalhes em laranja, que aparecem na borda dos tapetes, em elásticos para prender objetos nas laterais do console e principalmente nos sobretapetes dos porta-objetos, todos exclusivos desta edição especial. São novidades de custo muito baixo para aplicar, mas que condizem com a proposta inicial sem perder o bom gosto. Tudo isso se associa a uma lista de equipamentos de série que, além do pacote visual já mencionado, inclui ar-condicionado, chave canivete, direção hidráulica, e acionamento elétrico para vidros dianteiros e travas.