Quem aprecia os lançamentos da Volkswagen no Brasil há mais tempo certamente ainda estranha casos como o deste artigo. Afinal, nomes como Fusca, Variant, Brasilia e Passat deixaram bem clara a preferência dos alemães pelas duas portas, que se manifestou até na estreia do Fox. Porém, não se pode negar que a marca também reconhece quando se está na hora de mudar. Se o Gol passou de catorze anos somente com duas portas a uma quinta geração que só as recebeu depois de quatro, a estratégia que agora se usa com o up! é “fichinha”.
“Duas-portas” é uma configuração ao mesmo tempo ideal para carros esportivos, “mal necessário” para modelos de entrada e impensável nas demais categorias. O que opõe o primeiro caso aos últimos tão bem é a forma como cada um recebe seu público: enquanto minivans, peruas, sedãs e SUVs são pensados para toda uma família, seja lá de que tamanho, o centro das atenções de um modelo de alta performance é quem o dirige e ninguém mais. Já quando se fala em um carro de baixo custo, quase qualquer característica que apresente tem um fundamento bem racional, e o uso da opção duas-portas não é exceção. Assim como em Chevrolet Celta e Fiat Palio Fire, como dispensar as portas traseiras corta custos, o up! agora conta com preço inicial um tanto menor.
Talvez você lembre que, quando ele foi lançado, a imprensa comentou que ele teve uma série de alterações em relação ao modelo europeu para agradar mais o público-alvo daqui. A maioria delas se concentra na traseira, que teve tanto o entre-eixos como o balanço traseiro (distância entre o centro da roda e o final do carro) aumentados para ganhar em espaço interno. Pois quando se passa ao duas-portas, também apareceram novas janelas traseiras: elas são basculantes, mas não têm nem a elevação das do up! alemão e nem a linha reta das dos irmãos Seat Mii e Škoda Citigo, e sim um estilo intermediário. Ruim o resultado não é, mas somado às linhas limpas das laterais e às colunas C espessas e verticais só faz o carro parecer-se ainda mais com um furgão de entregas.
Outra novidade, segundo a Volkswagen, é que as duas portas são um pouco maiores. Isso facilita o acesso a uma cabine que manteve o bom gosto, mostrando clara aposta no público jovem ao utilizar elementos em várias cores e de desenho lúdico. Outra boa notícia é que como este veículo teve as duas carrocerias projetadas em conjunto, é de se esperar que seu espaço interno não mude – tanto para a cabine, que com certo aperto leva cinco pessoas, como para o porta-malas, que acomoda 285 litros. O modelo duas-portas também conta com o sistema s.a.v.e de divisão de bagagens, e ainda tem como exclusividades bancos dianteiros com memória de posição (quem teve populares duas-portas até os anos 1990 sabe a falta que isso faz) e porta-objetos adicionais para os ocupantes do banco traseiro.
Todo o demais permanece inalterado neste veículo, incluindo o motor 1.0 de três cilindros, doze válvulas e até 82 cv de potência e 10,4 kgfm de torque. Suas médias de consumo não devem apresentar mudanças importantes em relação às da quatro-portas. Como era de se esperar, o up! duas-portas só se vende nas versões mais baratas, pelo menos por agora: a take up! parte de R$ 26.900 e a move up! de R$ 28.300. A diferença é que esta última já vem com a opção do câmbio automatizado I-Motion, cujo artigo você pode acessar clicando aqui. Ele a leva a R$ 30.990, sempre sem opcionais, mas não se pode negar que aqui, pelo menos, é uma combinação incomum. Pode ser que a Volkswagen esteja prestes a abrir um novo nicho de mercado, ou gerando um futuro “mico de vendas”.