Algumas décadas atrás, câmbio de destaque no Brasil era automático de apenas três marchas. À medida que os anos passaram, os holofotes se voltaram aos de quatro, cinco e seis, até chegar aos automatizados de hoje. Já com o combustível, passamos por carburadores de vários corpos e injeção eletrônica single-point e multipoint, chegando hoje à direta. Novidades no mundo automotivo são assim, ganham popularidade quase que por difusão molecular. O veículo deste artigo é um belo exemplo de mais um avanço que se fez na aceitação de novas tecnologias.
Se você costuma acompanhar as novidades do mundo automotivo, certamente lembra que dispensar as trocas de marcha eram privilégio de poucos até não muito tempo atrás. Os modelos mais baratos com câmbio automático eram da categoria de Honda Civic e Toyota Corolla, mas sempre com preços proibitivos. A ideia da transmissão automatizada era justamente reduzir essa barreira de custos, mas seus primeiros anos foram marcados por certa desconfiança, tanto sobre a resistência como por causa de seu funcionamento “aos trancos”. Ela só foi prosperar de verdade depois de um certo tempo, mas também quando o fez foi por completo. De médios com motores 1.8 e 2.0 ela passou a equipar compactos com 1.6, e pouco a pouco caiu no gosto nacional de vez. E tudo sem afetar o mercado das caixas automáticas convencionais.
Para um mercado que até os anos 1980 simplesmente rejeitava carros quatro-portas, tamanha flexibilidade é um salto enorme. Hoje em dia temos casos como o do Chevrolet Onix, que conseguiu quebrar o tabu que e aliou a caixa automática a um motor 1.4. Por último, se as automatizadas vieram para evitar o maior problema daquelas, que é a falta de torque em motores pequenos, a Volkswagen não hesitou: aplicou a sua ao seu recém-lançado up!, com o mesmo motor 1.0 12v que nas versões manuais já alcançou médias de consumo excelentes nos testes do Inmetro. No entanto, vale ressaltar que ele não chega a ser um pioneiro: essa mesma combinação foi estreada no Brasil pelo subcompacto smart fortwo, que já se vende aqui há alguns anos.
Essa é a mais nova cartada da Volkswagen para impulsionar as vendas do compacto, que desde a estreia ainda não atingiu o nível que se espera de um popular. Chamado SQ100, seu câmbio é uma variação simplificada do que já equipa as linhas Gol, Fox e Polo há algum tempo. Por mais que ele não conte com modo esportivo e nem paddle-shifters no volante (disponíveis somente a partir do Gol), as alterações que recebeu para trabalhar com o motor do up! lhe deixaram mais econômico e de operação mais suave, sem perder a robustez. A marca ainda afirma que as relações de marchas são diferentes da caixa usada nos irmãos (MQ200), trazendo aqui degraus menores entre as primeiras marchas para ganhar em conforto, economia e redução de ruído.
Com tantas melhorias e pesando apenas 30 kg, não é de se estranhar que ela mantenha o excelente desempenho que o up! manual conseguiu nos testes de consumo do Inmetro. Gerando os mesmos 75/82 cv e 9,7/10,4 kgfm, a versão I-Motion roda 13,0/9,0 km/l na cidade e 14,5/10,0 km/l na estrada, sempre com gasolina/etanol. Ele vem nas versões move up! (R$ 32.990 iniciais), high up! (R$ 37.760) e nas especiais black, red e white up! (cada uma por R$ 42.160), o que representa um acréscimo de R$ 2.690 na primeira e de R$ 2.770 nas demais, em relação à opção com câmbio manual. A move up! ainda chama atenção por oferecer o câmbio I-Motion também na nova opção duas-portas, partindo de R$ 30.990 – você pode ler mais sobre ela clicando aqui.