Sete anos atrás, a Ford lançava no Brasil a segunda geração do Focus. O atraso em relação ao modelo europeu teve uma razão bem conhecida nesta indústria: equilibrar as contas do projeto anterior antes de investir em um próximo. Como quatro anos são muito até para isso, a empresa aproveitou para trazer a novidade já com o face-lift realizado lá fora pouco antes. Assim, ao ver que a terceira geração voltou a atrasar, todos esperavam ver a mesma sequência. Mas a Ford resolveu surpreender. Para tentar agradar a todos, o Focus brasileiro foi renovado em 2013, e acaba de fazê-lo outra vez.
Aquela questão do retorno do investimento é a razão pela qual as atualizações de um projeto não devem ser muito frequentes, mas somente no ponto de vista dos fabricantes. É muito comum ler e ouvir que o comprador também sai prejudicado disso, mas nem sempre se explica como. A questão é que os carros que ficaram obsoletos mais rápido do que o normal costumam ser desprezados no mercado de usados. Assim, quem os comprou como novos tenderá a perder muito mais dinheiro do que o esperado na revenda. Porém, a Ford não deixou que isso viesse a se tornar um empecilho ao sucesso do novo modelo: para compensar as perdas, os donos do Focus atual ganharam a chance de trocá-lo pelo novo com um desconto exclusivo de 15%.
Se essa história já lhe parecia bastante positiva, saiba que este é praticamente o único ponto fraco da novidade. As novas linhas devolvem o Focus à sintonia com o resto do mundo, exatamente como a Ford vem planejando há anos. No caso da América Latina, ele aproveita a oportunidade para ficar ainda mais requintado, e assim acirrar a briga com o arquirrival Volkswagen Golf. Os sinais disso começam a aparecer já por fora: o novo estilo não só adota as novas tendências da empresa, como também faz uso de novas tecnologias de produção. Elas permitiram modelar as chapas com mais liberdade, e isso ajudou o visual a ficar menos rebuscado. O novo carro consegue chamar atenção por todo o conjunto, em vez de recorrer a detalhes extravagantes.
Por dentro, o painel recebeu apenas mudanças cosméticas. As seções em cromado fosco foram reduzidas, de forma que o predomínio do preto cresceu. Em vez de usar o requinte aconchegante de cores claras e detalhes em madeira, este modelo mantém o foco na esportividade. A Ford quis torná-lo mais sofisticado, mas preferiu expressar isso na lista de equipamentos: todo Focus traz de série central multimídia Sync, controles de estabilidade e tração, freios a disco nas quatro rodas, rodas de liga leve aro 17”, sensores crepuscular e de chuva, e assistentes para emergências e para partida em rampa. Isso vem desde a versão SE, que custa R$ 69.900 e se torna o novo degrau de entrada do modelo – a versão S foi descontinuada.
Motores e câmbios são os mesmos, mas as versões 1.6 PowerShift foram removidas. O 1.6 manual é exclusivo da SE e da SE Plus (R$ 71.900), que por sua vez soma airbags laterais, ar-condicionado bizona, revestimento interno em couro, rodas exclusivas e sensor de estacionamento traseiro. Esta pode ganhar motor 2.0 e câmbio PowerShift e subir a R$ 78.900, com borboletas no volante. Com o último trem-de-força, a Titanium custa R$ 86.900 e adiciona acabamento exclusivo, airbags de cortina, outras rodas, Sync com touchscreen de 8”, e sistema de áudio Sony com nove alto-falantes. Já a Titanium Plus custa R$ 95.900 e soma banco do motorista com ajustes elétricos, farois bi-xenônio com LEDs, frenagem automática a até 50 km/h, Park Assist 2.0, e teto solar.