Pode-se dizer que a história automotiva do Brasil está esboçando o começo de um novo capítulo. Hoje se fez a entrega das duas primeiras unidades do Leaf que começam a efetivar o acordo entre a Prefeitura de São Paulo e sua associação Adetax, a aliança Renault-Nissan e a AES Eletropaulo para analisar o potencial do uso de veículos elétricos como táxis na cidade de São Paulo. Esta medida ganha muita importância por se tratarem de carros com emissão de CO2 nula.
Os veículos começarão a circular no próximo dia 11, ficando no ponto entre a Avenida Paulista e a Rua da Consolação, e num primeiro momento circularão num circuito predefinido dentro do mini Anel Viário, e isso se faz porque já foram criados quinze pontos de recarga pela cidade, em que dez têm uso recomendado pelo período noturno porque levam oito horas para a carga completa, mas os outros cincos possibilitam a recarga completa em meia hora. No segundo semestre serão entregues outras oito unidades do carro para a cidade, para circular também por áreas de grande movimentação. Mas também vale a pena falar do carro em si, e do que ele representa.
Até agora já recebemos de forma oficial e regular alguns híbridos, mas além de serem poucos modelos, são opções muito caras – quem vai ver com frequência tais versões do sedã grande Ford Fusion e dos sedãs de alto luxo BMW Série 7 e Mercedes-Benz Classe S? A chegada do famoso Prius em breve já é confirmada pela Toyota, mas ainda assim se fazia necessária uma medida para massificar principalmente a imagem do carro ecológico frente à população. Com isso, ter carros totalmente elétricos circulando com a frequência de um táxi não só vai começar a cumprir esse objetivo de mostrar que são uma realidade mais próxima do brasileiro, como também já divulgam uma opção ainda mais limpa que os híbridos.
Isso acontece porque enquanto os híbridos usam o motor elétrico em parceria com a propulsão a combustão, carros como o Leaf dependem apenas da eletricidade. Como era de se esperar, assim como se acarretam vantagens, também temos alguns problemas. É o caso da autonomia, que nele é limitada a 160 km. O lado bom é que os esforços das engenharias das marcas estão obtendo resultados cada vez melhores quanto a minimizar tais pontos fracos. O carro possui sistemas para recuperar a energia das frenagens, e só com isso já consegue rodar até 10% extras. Além disso, o quadro de instrumentos em LCD tem econômetro e um sistema lúdico de incentivar o motorista a dirigir de forma econômica, com a proliferação de imagens de árvores.
Outro ponto forte é que sua aerodinâmica foi muito bem trabalhada. As formas do Leaf podem não ganhar um concurso de desenho, mas isso se justifica com o fato de que sua preocupação realmente não é essa. Por exemplo, os farois são saltados assim para desviar o ar dos retrovisores, que colaboram de forma negativa para isso. A antena tem a ponta mais “gorda” também para uma melhor coordenação do ar, e além disso temos as soluções mais convencionais, caso da traseira volumosa e das laterais sem vincos fortes. Como os carros elétricos não têm barulho de motor, ele emite um reduzido aviso sonoro no exterior para avisar da proximidade a pedestres e especialmente a deficientes visuais.
Seu gerador ganha pontos por evitar a distribuição instantânea de força, como nos carrinhos de brinquedo, e com isso se aproximar de um motor a combustão. Mas como estes primeiros Leaf são táxis, vale comentar que seu porte é parecido ao do irmão Tiida, com farto espaço mas tendo cabine extra-silenciosa. Essa iniciativa tem incontáveis méritos para o país, e não é a única boa nova. O Governo já estuda incentivar a produção de veículos elétricos produzidos no país, e a Nissan tem vontade de importar o Leaf de forma regular. Portanto, se ele ganha boa aceitação no país as outras marcas com certeza também vão começar a trazer os seus modelos. Tudo isso vai depender da colaboração da população.