Os variados modelos da linha de uma marca têm expectativas de venda também muito diversas. Além da questão do preço, essas diferenças têm relação com aspectos como os mercados de atuação, a imagem que tais carros passam, sua posição em relação à concorrência, etc. O Punto sempre foi importante para a Fiat pelas vendas volumosas na Europa, mas a atual geração ganhou valor especial por ter sido a principal responsável pela reversão de uma das piores crises econômicas que a Fiat atravessou.
Seu estilo se destacou por se diferenciar de tudo o que se conhecia até então, pelo menos em sua categoria. Afinal, enquanto a tendência da época eram as linhas retas e cheias de vincos com linha de cintura elevada (veja o caso dos nacionais Stilo e Vectra), ele despontava com formas mais orgânicas e com uma interessante fusão entre si: o capô se funde com o parachoque e os paralamas numa superfície só, sobre a qual se colocaram os farois como se fossem incrustados. Esse foi um desenho do famoso Giorgetto Giugiaro, e teve tanta aceitação na Europa (e mais tarde no Brasil) que passou a ser referência para os lançamentos futuros, ao lado do compacto 500. Anos depois ele viria a receber dois face-lifts, mas comparando as fotos se percebe que tiveram apenas efeito de atualização – este tipo de desenho daqueles que quando precisa mudar é melhor que seja muito pouco ou por completo, porque começar um novo desenho sem mudar o carro todo é muito fácil de quebrar sua harmonia e piorar o resultado.
O face-lift que chega ao Brasil é o primeiro que ele teve na Europa, enquanto lá eles estão no segundo. Porém, neste caso em especial isso não chega a ser uma desvantagem. Basta analisar as fotos para perceber que se tratam apenas de dois estilos diferentes. Não é que um seja mais evoluído que o outro, tanto que eles poderiam ter sido aplicados na ordem inversa sem problemas. Nosso Punto continua com a grade bipartida, mas ela ficou maior e agora separada por um friso preto, que passa a conter as luzes de direção. Isso liberou espaço para o friso cromado logo acima, que destaca o logotipo da marca e lhe dá uma agradável identidade visual com o Cinquecento e outro modelo que este último inspirou, o Palio de nova geração. As laterais ganharam novas rodas, enquanto a traseira mudou de parachoque e teve as lanternas com disposição de luzes redesenhada – ficaram escurecidas e agora usam LEDs, o que lhes dá o mesmo ar de futurismo conseguido pela minivan Idea. O logotipo também é novo, mas é entrando no carro que se percebe sua maior evolução.
O painel mudou por completo, trocando o console central de linhas retas por um de desenho mais arredondado, e envolto por uma faixa de cor contrastante que segue pelas laterais até alcançar as saídas de ar dos extremos, ao passo que as saídas centrais ficaram visualmente separadas do resto. A qualidade dos materiais melhorou e o efeito final é agradável, rejuvenescendo a cabine ao mesmo tempo que lhe deixa elegante, porque a peça anterior era tão comprimida que não causava o destaque que essa seção do painel deveria ter. A gama de versões continua com quatro, mas agora a Attractive usa o 1.4 Fire Evo de 88 cv, enquanto a Essence ficou com o 1.6 e deixou o 1.8 restrito à Sporting, ambos 16v e flex. Outro destaque igualmente interessante é que o sistema Blue&Me recebeu a tecnologia Eco Drive, que monitora a condução do carro sob o ponto de vista da eficiência, e permite acessar as informações pelo computador pessoal e compartilhá-las nas redes sociais. Já a segurança se vê favorecida pela inclusão do kit HSD (airbag duplo e freios ABS com EBD) e do alerta de frenagem de emergência ESS, que acende as luzes de freio em forma intermitente quando se aciona o pedal com força.
Porém, engana-se quem pensa que a parte técnica só evoluiu até aí. A versão T-Jet mantém o 1.4 turbo de 152 cv, mas ganhou o interessante recurso de uma nova tecla que fica no console. Ela permite alternar o carro entre os modos Dinâmico, Normal e de Autonomia, como se faz em esportivos bem mais caros, mas com nomes escolhidos para encaixar na sugestiva sigla DNA, que dá o nome do tal botão. O ajuste esportivo combina muito bem com o estilo externo do carro, que acaba sendo uma versão quatro-portas do Punto Abarth europeu. Afinal, à exceção dos adesivos nós temos o mesmo conjunto de spoilers e parachoques esportivos e as belíssimas rodas de cinco raios. Já no modo que valoriza a economia, o destaque fica por um mostrador no painel que tem todo o estilo de um medidor de pressão da turbina, mas funcionando como econômetro. Além disso, as versões Essence e Sporting passam a usar o câmbio automatizado Dualogic Plus. Suas melhorias foram estreadas pelo Bravo, incluindo funções antes exclusivas dos automáticos e trazendo expressivas melhorias no comportamento dinâmico.
Além dessas novidades e de outros itens, a Attractive (R$ 38.570) traz de série computador de bordo, direção hidráulica, abertura do porta-malas com Logo Push, travas elétricas e vidros elétricos dianteiros com one-touch e antiesmagamento. Já a Essence (R$ 41.570) soma ar-condicionado, chave canivete, farois de neblina e completa o trio elétrico. Esta é a primeira a trazer como opcionais teto solar e câmbio Dualogic Plus, este somando R$ 2570. Algumas das adições da Sporting (R$ 46.400) são opcionais da Essence, e incluem cintos de segurança vermelhos, iluminação interna Night Design, pedaleiras esportivas, ponteira do escape dupla e cromada, rodas de liga leve aro 16”, sistema de som multimídia, volante multifuncional em couro e o kit aerodinâmico externo, com spoilers laterais e traseiro e frisos laterais – entre os opcionais temos airbags laterais e de cortina, bancos de couro, sistema Blue&Me. Aqui o Dualogic Plus soma R$ 2.370 e também traz piloto automático, tendo as borboletas de troca de marchas como opcionais. Por fim, a T-Jet (R$ 55.740) agrega bancos esportivos, rodas de liga leve de 17”, sensor de estacionamento, sistema Blue&Me, som de alta fidelidade com subwoofer e volante multifuncional mais sofisticado e de base quadrada.