Esta não é a primeira vez que você vê um lançamento deste tipo no Brasil. Utilitários com esse tamanho reduzido começaram a aparecer aqui ainda na época da reabertura das importações, mas suas marcas infelizmente entraram no grupo de novatas que não resistiu a cinco anos entre nós. É este contexto que torna interessante reparar que esses carros agora estão esboçando um retorno ao país, iniciado nos últimos anos. O mais novo representante dessa nova leva é o modelo que marca a chegada de mais uma marca nova.
Não é difícil entender por que os chineses estão tentando com tanta persistência estabelecer seus modelos no Brasil. Os sucessivos recordes de vendas vêm formando um ambiente tão favorável que qualquer montadora tem vontade de ter sua própria fatia de vendas, mas o fato é que, assim como nos anos 1990, não é qualquer carro que prospera entre nosso público. Os europeus precisaram dar atenção às categorias e tamanhos de carros que têm maior aceitação aqui, os coreanos estão em processo de estabilizar as operações com fábricas em solo nacional, os japoneses agora querem ampliar o sucesso que já tinham passando a investir também em modelos mais baratos, mas os chineses ainda estão na fase inicial, de firmar uma imagem frente ao público. O problema é que fatos como as cópias descaradas de carros de outras marcas, qualidade duvidosa dos materiais ou mesmo designs que fogem do gosto do cliente ocidental colaboram para uma reputação não muito desejável. Mudar esse panorama frente a clientes tão tradicionais pode levar décadas, mas não se pode negar que os chineses já entenderam como começar a agir: olhar os rankings de vendas com calma mostrará que os carros-chefes destas marcas são quase todos populares.
Apostar no segmento de baixo custo não só traz maior volume de vendas como um público capaz de fazer vista-grossa a aspectos mais subjetivos em troca de preços menores. Pronunciada como “ríli”, a marca que acaba de chegar é uma divisão da Chery, e começa com uma micropicape no mesmo estilo das oferecidas por Changan e Effa. A cabine com desenho típico dos anos 2000 esconde uma cabine de dois lugares que traz ar-condicionado, direção hidráulica e rádio de fábrica (além de um volante que esqueceu de trocar o logotipo da Chery), mas esquece sequer de vidros e travas elétricos – já se pode imaginar que a Pick-up finge que a resolução do Contran para airbag duplo e freios ABS “não existe”. O motor é um 1.0 Acteco de potência e torque de 64 cv e 8,97 kgfm com câmbio manual de cinco marchas, que faz qualquer um começar a imaginar o comportamento deste carro subindo uma ladeira com os dois ocupantes usando o ar-condicionado e a caçamba de 2,5 m x 1,6 m levando os 800 kg que suporta. A marca começa com trinta pontos de assistência técnica espalhados pelo país, e anuncia que nos próximos meses chegam a minivan Link com sete lugares, a van H13 com 14 assentos e mais versões da Pick-up: EX com caçamba estendida e Cabine Dupla. A pioneira Pick-up deste artigo chega custando R$ 29.990.