Se as referências ao mercado automotivo costumam considerar seu comportamento como uniforme quando só se quer uma visão geral, basta observá-lo um pouco mais para poder dividi-lo em três grandes grupos. Os veículos comerciais sempre seguem parâmetros próprios por conta da aplicação para trabalho, mas as diferenças entre vender carros de custo baixo a mediano e os de alto luxo são maiores do que a impressão inicial imagina. É para seguir essas regras particulares que a Bentley traz ao Brasil a novidade de agora.
Quando se afirma que a clientela de automóveis esportivos e de alto luxo é muito exigente, o motivo não é tanto o número dos requisitos que forma, mas sim sua intensidade. As características “genéricas” dessa demanda não incluem excelência em aspectos como design, eficiência e nem mesmo tecnologia, de forma que o sucesso de várias empresas desse mercado veio de ter encontrado um nicho específico entre estas regras sobre o qual trabalhar – só na mesma Inglaterra da Bentley, por exemplo, existem exemplos como Caterham e Rolls-Royce. Onde as concessões deste público se rarefazem é na eficácia. A marca pode ter a proposta que for, mas precisa executá-la bem. Os esportivos precisam se destacar na dirigibilidade e os luxuosos têm que cobrir os ocupantes de conforto e requinte, apesar de que a maioria tenta oferecer os dois. Tudo isso torna este público muito difícil de agradar mas ao mesmo tempo igualmente atraente, porque a recompensa são margens de lucro enormes. Esta é a razão pela qual vender cinquenta unidades em um mês é motivo de festa para essas marcas, por exemplo. Ou pela qual não veem problema que alguma de suas concessionárias leve dias para negociar um único carro.
Neste mercado a palavra de ordem é entregar qualidade em tudo o que se refira à proposta da empresa. As linhas volumosas do Continental já antecipam que o caso da Bentley é adicionar esportividade a carros sóbrios e muito luxuosos da forma com que se depositam as cerejas sobre um bolo. A versão V8 foi lançada no último Salão de Detroit, e chega ao Brasil com seu 4.0 biturbo de 507 cv e 67,3 kgfm como o cupê GT (R$ 1,13 milhão) e conversível GTC (R$ 1,296 milhão), sempre usando o câmbio automático de oito marchas: o cupê acelera de 0 a 100 km/h em 4s8 e chega à velocidade máxima de 303 km/h, enquanto o GTC passa a 5s e 301 km/h. O nível de tecnologia embarcada é enorme, mas o destaque da cabine destes carros é mesmo o requinte, que se começa a observar pela profusão de materiais de altíssima qualidade e continua pela qualidade do isolamento acústico. A chegada desta dupla ainda serve para lembrar do tamanho que a linha Bentley já tem no Brasil: a concessionária de São Paulo também oferece o Continental nas versões convencional e Speed para as carrocerias GT, GTC e Flying Spur (sedã) e o sedã de topo Mulsanne. É essa variedade que faz a marca esperar vender vinte unidades no Brasil até o fim deste ano.