Analisar a oferta de uma montadora nos segmentos mais comuns às vezes conduz a questionar se escolher um hatchback vale a pena quando se pode optar por sua variação sedã. Afinal, este último tem porte mais equilibrado e em parte dos casos mais elegante, porta-malas maior e uma diferença de preço cuja importância diminui à medida que se sobe de categoria. A resposta é que assim como muita gente escolhe carro por fatores racionais, as compras emocionais também são muitas. Mais do que se costuma imaginar.
Peso menor, carroceria mais curta e possibilidade de usar silhueta próxima à dos cupês são alguns dos aspectos que aparecem por primeiro na mente de quem começa a enlistar as vantagens de levar um hatchback, e a verdade é que todos são mesmo muito importantes. Porém, existe um outro fator que muita gente nem chega a perceber que existe, mas que não é raro que tenha peso até maior que aqueles outros: mais que pela atração que exercem, o que muita gente quer na verdade é fugir de outros tipos de carro. Mas como a maioria não pode se afastar ao ponto de levar um superesportivo ou um jipe, os hatchbacks terminam sendo a solução “urbana” que chega mais perto de atendê-los.
Isso vem do fato de que algumas categorias de carro ganharam associação muito forte a um tipo de pessoa em especial, e com isso à vida que ele leva. Sedãs, por exemplo, evocam sobriedade e conservadorismo típicos de pessoas mais velhas. A imagem de uma minivan costuma trazer a de pais de família levando os filhos à escola. E as picapes, até cerca de vinte anos atrás, eram associadas ao trabalho rural. Já quando se mencionam os hatchbacks, o valor exaltado é a informalidade. Seja pelas opções de personalização das opções mais baratas ou pelo uso frequente como primeiro carro dos mais jovens, esta categoria traz sensações mais livres. Livres a ponto de permitirem o flerte com o aspecto mais emocional que se pode aplicar em um automóvel.
Custando R$ 135.950, a novidade da Volvo chega ao Brasil justamente como um excelente exemplo disso tudo: o pacote R-Design estende o potencial de informalidade do V40 ao lado da esportividade. Em momento algum ele se propõe a quebrar recordes de desempenho, mas itens como o kit aerodinâmico exclusivo ajudam a deixá-lo ainda mais atraente que as versões comuns: os spoilers laterais e traseiro se somam a escape de saída dupla, parachoques mais agressivos, rodas esportivas e suspensão rebaixada. É um pacote parecido ao dos equivalentes de Audi, BMW e Mercedes-Benz, que preferem agradar mantendo a discrição a chamar todas as atenções.
Por dentro, as novidades incluem detalhes em aço escovado para alavanca do câmbio, console central, volante e maçanetas, além dos pedais em alumínio. Já os bancos combinam couro e Nubuck preto a costuras brancas e ao logotipo da versão, este nos encostos dianteiros. Forma-se uma decoração em tons escuros que contrasta com o azul, que por sua vez é mais destacado no quadro de instrumentos digital. A resposta a tudo isso na parte do trem-de-força se faz com o motor 2.0 turbo, que aqui usa câmbio automático de seis marchas e foi retrabalhado para render 210 cv. Este conjunto deverá ser repetido pela próxima variação do V40 prevista para o Brasil, a Cross Country.