Entrar em um grupo de pessoas quase sempre é uma tarefa difícil. Seja grupo de amigos, colegas de trabalho ou parentes do cônjuge, a tendência é resistir ao processo de compartilhar seus costumes internos com aquele que até então é um mero estranho. O que o novato pode fazer para insistir, então, é mostrar que merece seu ingresso. Provar que é capaz de defender os valores do grupo tão bem quanto qualquer outro membro. Se essa metáfora se passar ao caso dos carros, um de seus melhores encaixes seria a novidade da Mercedes-Benz.
Quando se fala em “divisão esportiva”, no caso das montadoras alemãs, a menção é à sua parte responsável pelas versões de alto desempenho, especialmente. O ponto de partida é um carro de linha, salvo raras exceções, mas o trabalho é muito mais profundo que um simples “veneno de motor”, como se diria nos anos 1970. Ele se define como adicionar a esportividade ao conceito original do carro, sem nunca desvirtuá-lo. É por isso que por maior que seja a alteração na parte mecânica, as mudanças de estilo são discretas. Também grandes, mas nunca a ponto de mudar o conjunto que o carro apresentou desde o começo. No entanto, engana-se quem pensar que agir assim implica em atenuar as melhorias de desempenho.
Chegar a ser visto como um legítimo membro da estirpe AMG poderia ser difícil para o novo Classe A pelo fato de ele ser um Mercedes-Benz tão diferente. Além de ser o único hatchback da linha, ele começou a investida da marca em clientes mais jovens tanto pelo visual como pelo preço mais acessível, e ainda por cima é um de seus raros casos de tração dianteira. Ou seja, ele vai de encontro a tudo o que ajudou a formar a fama dos esportivos AMG até hoje. Mas é bem provável que tenha sido justamente por isso mesmo que a divisão tenha aceitado fazer a sua transformação. E se você quer saber se o resultado ficou bom ou não, que tal começar pela menção de que ele tem o motor 2.0 mais potente do planeta?
Como este integra a linha compacta, tal como CLA, Classe B e GLA, seguir a cartilha AMG e usar um motor V8 ou maior aqui acabaria trazendo a descaracterização que se mencionou há pouco. É por isso que o escolhido foi o quatro-cilindros com turbo e injeção direta, que produz 360 cv e 45,8 kgfm. Usando câmbio automatizado de sete marchas, ele vai de 0 a 100 km/h em 4s6. Esse trem-de-força ainda apresenta trocas de marcha sequenciais por paddleshifts e modos de condução esportivo e econômico. Também estão lá todos os sistemas eletrônicos de segurança atuais, como o ESP com modo esportivo e que pode se desligar, mas religando sozinho em caso de perigo. Outro destaque é a tração dianteira, que pode mudar para integral em caso de necessidade.
Quanto ao estilo, as adições são capas dos retrovisores em preto, kit aerodinâmico completo, rodas de liga leve aro 19” e ponteira de escapamento dupla, por fora. A cabine ganha revestimento em preto e vermelho, seja nos bancos de couro com detalhes em couro perfurado, no volante em Alcantara ou no painel cujos apliques imitam fibra de carbono. Também existem cintos em vermelho e soleiras personalizadas. Além disso, como opcionais ele traz bancos esportivos AMG, defletor traseiro, todos os demais anexos aerodinâmicos em fibra de carbono e o que deve ser o favorito dos entusiastas: aumento do limite de velocidade para 270 km/h. O A45 ainda mostra outra novidade no Brasil: ele é o primeiro AMG com preço em reais, cotado em R$ 259.900.