Quem conheceu o mercado automotivo do Brasil de até a década de 1970 com certeza lembra que a propaganda dos carros, especialmente a impressa, rendeu uma série de publicações divertidas. A Fiat usava pontos turísticos para promover o 147, a Volkswagen esbanjava criatividade com as palavras… Os exemplos eram muitos, mas é uma pena que tenham caído em desuso. Porém, se você os via apenas como meras “brincadeiras”, a verdade é que alguns terminaram antecipando tendências que se veem nos dias de hoje. Algumas delas muito fortes.
Resgatando agora seus conhecimentos sobre o mercado atual, mesmo quem não se interesse tanto por carros já percebeu que as montadoras estão investindo muito em valores virtuais. Os carros já não são valorizados apenas pelo que são, mas sim também pelo que aparentam ser – o que em muitos casos vem ganhando a prioridade. Se antes o destaque ia para tamanho do porta-malas ou resistência mecânica, hoje em dia se volta aos sentimentos e aos valores que o dono e sua família supostamente teriam em decorrência de ter o tal produto. Quem imaginaria, portanto, que o objetivo das versões modernas de aparência esportiva teria sido previsto pela extinta Willys ao promover os inesquecíveis “40 hp de emoção” do Gordini?
Quando se volta ao carro deste artigo, os tais valores que se promovem são comuns a quase todos os crossovers. Eles convergem à ideia de enfocar no que se necessita para um bom uso urbano, mas também passando a imagem de que não fariam feio em outras missões. Nos últimos tempos, porém, é interessante notar que as montadoras vêm desistindo de dedicar tanto esforço a esse fingimento, muito provavelmente para cortar custos. Como já se sabe que a maior parte dessa clientela nunca sequer se aproxima de trilhas fora-de-estrada, investir em sistemas como diferencial blocante ou tração integral (e, portanto, cobrar por isso) já não parece tão interessante. Honda e Toyota, por exemplo, não se deram ao trabalho de alterar a mecânica de Fit Twist e Etios Cross.
Esta última, por sua vez, agora protagoniza um caso semelhante com o RAV4. A linha 2014 do crossover trouxe uma série de atualizações pontuais, por se tratar de um projeto recente, mas também um aumento de 71 litros no porta-malas. Pode parecer uma alteração complexa, mas o fato é que não precisou mais que trocar a quinta roda: o estepe agora é de uso temporário, cuja banda de rodagem mais estreita levou o volume a 547 litros. Claro que essa mudança significa que sempre que o motorista precisar trocar um pneu de repente, não vai poder rodar mais que até a borracharia mais próxima. Porém, fato é que a Toyota não precisava se importar com isso. Pontos de auxílio são muito raros longe da cidade, mas não é como se os donos de RAV4 lhe tirassem dela, mesmo…
Mas não pense que o seguimento a essa linha de raciocínio termina por aí. As outras novidades começam com o sensor de estacionamento, que o RAV4 passou a trazer de série desde a versão de entrada. Já a topo-de-linha foi beneficiada com uma nova central multimídia completa, que inclui conexão Bluetooth, GPS, leitor de DVD e até acesso à Internet, através da conexão 3G de smartphones, e com as novas rodas aro 18”, que por sua vez também trouxeram pneus de perfil mais baixo. Os motores continuam os Dual VVT-i 16v 2.0 de 145 cv e 19,1 kgfm (e câmbio CVT com modo manual sequencial) e 2.5 de 179 cv e 23,8 kgfm (com automático de seis marchas). Os preços ficaram em R$ 101.820 para a versão 2.0 4x2, R$ 119.990 para a 2.0 4x4 e R$ 129.590 para a 2.5 4x4.