Fiat Tempra Turbo e Volkswagen Gol GTi são dois dos melhores exemplos de carros de alta performance que o Brasil já ofereceu. Seu conjunto de prazer ao dirigir aliado aos luxos da cabine e ao visual diferenciado angariou uma legião de fãs que se mantém forte até hoje. Mas mesmo com recepção tão boa, nenhum desses durou muito tempo no mercado. Alguns só deixaram de ser produzidos, mas os exemplos citados tiveram destino diferente. Vinte anos depois, quem poderia imaginar que o caminho deles seria seguido por uma montadora chinesa?
Versões esportivas de carros urbanos não são lançadas com a frequência que seus entusiastas gostariam porque é difícil fazê-las prosperar. Alterações profundas, como em motor, câmbio, suspensão e/ou freios, quase sempre requerem investimentos elevados porque é preciso trabalhar em todo o projeto do veículo. É preciso considerar questões como até onde melhorá-lo, se é possível fazê-lo com partes que a empresa já usa em outros modelos, se é preciso fabricar alguma parte nova, testes de rodagem, etc.. E tudo isso, como sempre, traz custos. A tal falha em prosperar aparece com a necessidade de repassar esses custos ao cliente porque ela forma um círculo vicioso: tais modelos vendem pouco porque são caros, e são caros porque têm volumes de venda reduzidos.
Os modelos mencionados no começo deste artigo tiveram fim diferente justamente por causa disso. A versão do Tempra realmente saiu de linha, mas seu trem-de-força não. Ele passou a equipar a versão Turbo Stile a partir de 1996, numa proposta de associar o excelente desempenho às quatro portas em uma versão de luxo. Já o Gol GTI manteve o nome e o motor, mas não o conjunto: o que era um legítimo hot hatch até a geração “bolinha” chegou à terceira fase com o mesmo motor mas visual muito mais comportado, sem nada que lhe diferenciasse de uma versão topo-de-linha comum. Por mais que o caso da JAC não prestígio comparável ao dos outros, não se pode negar que ele é bastante parecido.
Essa letra “S” (de Sport) começou a acompanhar o J3 em 2012, ainda em sua primeira fase. Os adereços visuais estavam lá, mas seu destaque era mesmo o motor 1.5. Nem tanto pela performance, mas sim por ser o primeiro flexível da JAC, pelo menos no Brasil. Essa versão não chegou a ficar cara demais, mas não seria nada desejável usar esse motor em apenas uma versão de um carro. É para contornar isso que agora ele chegou também ao sedã Turin, ambos já com o redesenho da linha 2014. Também é de se esperar que ele dê o ar da graça no irmão maior J5, visto que este já o usa apenas com gasolina. Enquanto isso não se vê, porém, a linha de compactos da chinesa recebe o propulsor bicombustível por R$ 39.990 para o hatchback e R$ 41.690 para o três-volumes.
Assim como na fase anterior, as mudanças visuais são bem leves. Estão lá rodas exclusivas, adesivos cuja cor faz contraste com a da carroceria, farois com máscara negra e spoiler traseiro por fora, ao passo que a cabine ganha iluminação do painel e costuras dos bancos na cor vermelha e pedaleiras esportivas. Tudo isso só se afirma para o hatchback, porque foi o único que teve imagens oficiais divulgadas até agora – não se sabe se o sedã recebe os mesmos acessórios ou se tentará formar uma opção mais discreta e sóbria ao hatchback. Todo o demais mantém o conjunto de sempre nos dois carros, incluindo os itens de série. O motor 1.5 16v Jet Flex gera 127 cv e leva os modelos de 0 a 100 km/h em menos de dez segundos e à máxima de 200 km/h.