Nos últimos anos, um dos objetivos mais perseguidos pela indústria automotiva mundial é a versatilidade. O conceito de plataforma modular foi um salto enorme, mas apenas mais um em meio aos vários avanços que se vêm fazendo nessa área. E quando se fala nisso, é impossível não lembrar das montadoras alemãs. Elas cometem certos exageros de vez em quando, algumas mais que outras, mas os lucros que obtêm são a melhor prova de que a maioria de suas investidas dá certo. Uma delas, sem sombra de dúvida, é a que você está prestes a conhecer.
Quem acompanha as novidades do mundo automotivo com certa frequência certamente já leu alguma publicação afirmando que o BMW X6 é uma “galinha dos ovos de ouro”. Afinal, enquanto compartilhar a plataforma com o X5 reduz seus custos de produção, apostar em estilo inovador e proposta mais emocional lhe permitiu sair até mais caro que aquele. E hoje em dia existem várias montadoras que buscam emplacar um modelo de concepção parecida: compensar a falta de inovações na parte que o cliente “não vê” com um conjunto “visível” atraente, para poder cobrar muito gastando pouco. Por mais que o modelo deste artigo seja totalmente diferente daquele, a verdade é que ele nasceu em um contexto bastante parecido.
Sua aparição veio em 2008, como uma tentativa de responder ao sucesso que a Mercedes-Benz começava a fazer com o CLS. A Volkswagen queria entrar no mercado dos “cupês de quatro portas”, mas sua falta de prestígio nos mercados de luxo não lhe permitiria cobrar caro demais. A solução encontrada foi buscar o nicho imediatamente inferior, para poder usar como base o conjunto do Passat. Até o nome foi compartilhado, para que o então Passat CC já nascesse com boa imagem. E eis que o resultado foi muito bom: ele terminou formando público próprio tanto lá fora como aqui, atraindo quem não se contentava com o sedã mas não podia levar o rival mais caro. Deu tão certo que ele aproveitou o facelift de meia-vida para trilhar caminho próprio, passando a se chamar CC.
Passando apenas à situação brasileira, agora a Volkswagen decidiu investir no que virou um dos atrativos do CC: o preço menor. Em meio a fabricantes de luxo apostando em seus modelos de entrada, a marca de Gol e Kombi agora quer avançar sobre o público de BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C. E a receita para isso não é mais que estender ao CC o mesmo motor que já equipa Fusca, Golf GTI, Jetta e Tiguan, além do Passat. A nova versão extrai 211 cv do já conhecido motor 2.0 TSI, e procura compensar a perda de equipamentos e do motor V6 com um pequeno investimento na esportividade e uma interessante redução de preço: ele custa R$ 146.990, enquanto a versão 3.6 V6 FSI continua à venda por R$ 186.850.
Externamente, a nova versão se diferencia por farois alto e baixo de xenônio e pela saída de escape dupla em um lado – a V6 usa uma de cada lado. Quanto à mecânica, a redução de potência de 89 cv é acompanhada pela tração dianteira, ao passo que a versão mais cara usa a integral 4Motion. Porém, quase todo o demais foi mantido: ainda estão lá ar-condicionado bizona, bancos de couro com aquecimento para os dianteiros e ajustes elétricos para o do motorista, câmbio DSG de seis marchas e dupla embreagem, central de entretenimento, controle de cruzeiro, direção elétrica, rodas de liga leve aro 18”, seis airbags, sistema de som multimídia com oito alto-falantes, suspensão independente nas quatro rodas e uma série de sistemas eletrônicos de segurança passiva.