Quando se fala em carros, uma das maiores reclamações no Brasil é a diferença de padrão da oferta, em especial quando comparada à de América do Norte ou Europa. Infelizmente, além de ela ser muito fundamentada, falar de seus responsáveis termina no efeito bola-de-neve. Mas existe uma pequena parte de todas as questões envolvidas nisso tudo cuja solução já vem ensaiando aparecer, nos últimos anos. Seu passo mais recente é a maior novidade que a Peugeot acaba de apresentar com a linha 2015 de seu hatchback premium.
Se você já adivinhou que esta é mais uma menção à popularização dos câmbios automáticos em nosso mercado, você acertou… em parte. Afinal, ver este equipamento já oferecido em Chevrolet Onix ou Volkswagen up! (este último automatizado) significa que o segmento premium já foi contagiada há tempos. A questão aqui já não é sua simples oferta, mas sim como a mesma se faz. Porque até agora, mesmo carros mais caros continuam recebendo o câmbio automático somente em suas versões mais caras, no máximo nas intermediárias. Então, na prática esse item ainda se encontra restrito a faixas de preço elevadas, seja em valor absoluto ou relativo ao que o público de cada categoria costuma desembolsar.
Em outras palavras, ele ainda é visto mais como equipamento de luxo do que de conforto. A nova versão do 208 aumenta o grupo que procura justamente reverter esse quadro, mas que até então só contava com equivalentes de Fiat Punto, Ford Fiesta e VW Gol e Fox: seu lema é dispensar a troca de marchas sem alarde, quase que como se oferecem bancos de couro ou central multimídia. Claro que a intenção da Peugeot, como empresa, certamente é bem mais ligada à simples chance de aumentar a demanda pelo equipamento, mas isso não deixa de convergir ao que se apontou antes. A novidade chega às revendas por R$ 51.990 e não substitui nenhuma versão: continuam lá Active, Active Pack manual e Allure, com motor 1.5, e Griffe manual e automática com o 1.6 16v.
Esta último dupla, aliás, é a mesma que equipa a versão deste artigo. O motor gera até 122 cv, quando abastecido com etanol, e usa caixa automática de quatro marchas. Seu pacote de equipamentos de série é muito parecido ao da equivalente manual, e inclui ar-condicionado manual, central de entretenimento com touchscreen de 7”, chave canivete, detalhes cromados externos e internos, direção elétrica, farois de neblina, luzes diurnas em LEDs, navegador GPS, protetor de cárter, repetidores das luzes de direção nas capas dos retrovisores, rodas de liga leve Azote aro 15”, sistema de som multimídia com comandos na direção, conexão Bluetooth e seis alto-falantes e trio elétrico, além dos mandatórios airbag duplo e freios ABS.
Seu câmbio automático é a mesma unidade que até o ano passado a Peugeot empregava em modelos mais caros, como 307, 308 e suas respectivas variações sedã. Naquela época existiam muitas reclamações voltadas a ela não conseguir aproveitar toda a força do motor, mas o problema em parte vinha de ela ser associada a um motor mais forte, o 2.0 16v que se usa até hoje – cujas opções automáticas agora usam uma caixa de seis marchas. Neste 1.6 16v, no entanto, ela forma conjunto similar ao que o Renault Sandero usava, pelo menos até sua fase anterior. O equipamento do 208 faz trocas sequencias com opção manual pela alavanca ou por paddle shifters. Ele possui modos esportivos e para terrenos de baixa aderência, e adapta as trocas ao regime de condução.