Doze anos atrás, a Chevrolet nos trazia a nova geração do Corsa. Tinha construção refinada, era mais bonito e mais espaçoso, estava em sintonia com o similar europeu… Trazia até teto solar, que era raro até em carros mais caros. Mas pecava no motor: para o seu porte, o 1.0 era fraco demais e o 1.8 consumia muito. A marca chegou a efetivar a solução óbvia, mas demorou demais: a adoção de um 1.4 até ajudou, mas já era tarde para fazer o modelo deslanchar. Será que ainda dá tempo de a Renault livrar seu sedã médio de destino parecido?
Se as vendas do Fluence não chegam a ser dignas de destaque, definitivamente não se pode dizer que a culpa é da Renault. Afinal, os franceses vêm tendo todo o cuidado para evitar que ele repita o final do antecessor, Mégane Sedan: como sua publicidade se voltou à versão de entrada, enquanto as vendas desta aumentaram, ninguém mais quis pagar mais pelas versões de luxo de um carro que ficou famoso pelo preço. É por isso, por exemplo, que os Fluence 1.6 só se vendem a empresas no Brasil – na Argentina, onde ele é fabricado, oferecê-las ao consumidor comum terminou tornando esta a opção mais vendida. Isso não só prejudicou as vendas de suas próprias versões mais caras como também as do Symbol, que atuava em uma categoria inferior mas tinha preços parecidos.
Depois de restringi-lo ao motor 2.0, o passo seguinte da Renault na América Latina foi lançar a versão GT, com o 2.0 turbinado de 180 cv. É o típico caso cuja função nem é tanto vender muito ela mesma, mas sim melhorar a imagem do modelo como um todo. No entanto, como seu preço chegou elevado demais mesmo para os padrões dessa intenção, a tentativa agora é a de aproximar o público desse lado esportivo que o Fluence vem mostrando que leva muito bem. Para a Renault, a versão GT Line representa o mesmo que a Sporting para a Fiat: apresenta o estilo diferenciado e chamativo dos esportivos, mas não chega a lidar com alterações mecânicas mais profundas em prol da performance. E, portanto, tampouco com os preços mais altos que vêm em consequência.
Tudo isso significa que o Fluence GT Line combina todo o equipamento visual até então exclusivo da versão GT ao mesmo motor 2.0 16v aspirado com que ele começou a fazer sua fama no Brasil. Seu exterior chama atenção para o kit aerodinâmico Renaultsport, que conta com spoilers dianteiro, laterais e traseiro na seção inferior da carroceria, a inscrição GT Line abaixo da lanterna direita, rodas de liga leve 17” cromadas, maçanetas em cromado fosco, um discreto spoiler adornando a tampa traseira e o difusor de ar no parachoque traseiro, que envolve o cano de escape. Por dentro, preto e cinza são combinados ao quadro de instrumentos digital da versão GT e a detalhes cromados e em preto brilhante, e a lista de equipamentos representa uma evolução do que se vê na Dynamique, na qual a GT Line é baseada.
Ou seja, estão lá ar-condicionado digital bizona, chave tipo cartão, direção elétrica, quatro airbags e sistema de som multimídia Arkamys 3D, entre outros. Seu motor gera até 143 cv e 20,3 kgfm e sempre usa o câmbio CVT X-Tronic, o que lhe garante acelerar de 0 a 100 km/h em 10s1 e chegar a 195 km/h. Os R$ 78.990 lhe deixam em pé de igualdade com as versões similares dos rivais, mas ele tem o problema de um futuro incerto: por um lado, o Mégane europeu (do qual o Fluence deriva) trocará de geração em três anos, no máximo. Mas antes de saber como isso vai repercutir aqui, como o facelift de meia-vida do Fluence atual estreou na Turquia em 2012, pode chegar aqui a qualquer momento. Resta torcer para a história do Corsa 1.4 não se repetir…