Se a Lifan mantiver sua habilidade de converter “limões em limonada”, pode ser ela quem consiga vencer a árdua corrida das montadoras chinesas rumo à confiança do brasileiro. Seus primeiros passos foram dados com a dupla 320 e 620, mas suas vendas foram tão ruins que a empresa precisou repensar sua estratégia por inteiro. Ela rompeu a parceria com a Effa, trocou aqueles pelo X60, e investiu mais em publicidade. Agora, aos dois anos de Brasil, ela já está por fazer do crossover o chinês mais vendido do Brasil e tem uma série de planos para o país. Um deles você está prestes a conhecer.
Enquanto as conterrâneas Geely e JAC começam a investir em segmentos superiores, com modelos como a van T8 e o sedã EC7, a Lifan parece querer manter a cautela. Por mais que o mercado de carros compactos brasileiro seja lotado, seja com opções muito boas, medianas ou muito ruins, ele se torna atraente para uma montadora novata por duas grandes razões: ele permite vendas em volumes elevados, e o preço baixo torna seus clientes pouco exigentes. Somente entre marcas chinesas, a Chery começou com o QQ, a Effa com a M100 e a JAC com o J3, por exemplo. Agora, a Lifan coloca seu sedã compacto para competir com Chevrolet Classic, Fiat Siena EL e as versões básicas de Chevrolet Prisma, Ford Ka+, Renault Logan e VW Voyage, entre outros.
Desde o exterior, o 530 passa a impressão de que é um carro neutro. Suas linhas passam ideia de atualidade e bom gosto, mas não chegam a provocar suspiros. Não existem silhueta inovadora, vincos rebuscados, detalhes de estilo chamativos ou elementos exóticos, mas sim um estilo comportado, que se preocupa mais com “não desagradar” que com agradar. Comparado com outros chineses, seus volumes curtos e altos lhe tornam um tanto mais encorpado que o Chery Celer, mas fazem o JAC J3 Turin parecer mais elegante. Mas evolução ainda maior é a que ele representa em relação ao 620: os cinco anos a menos permitiram ao 530 mostrar um nível interessante de sintonia com as tendências de estilo automotivo mais recentes.
Entrando no carro, a primeira sensação que se tem é de simplicidade. Os múltiplos tons de cinza até tentam passar alguma ideia de refinamento, mas este realmente não é o carro para comprar por fatores como esse. Por outro lado, o apelo de custo/benefício típico dos carros chineses não deixou de aparecer. Por R$ 38.990, o 530 traz de série airbag duplo, ar-condicionado, direção elétrica, computador de bordo, LEDs de seta nos retrovisores, trio elétrico, sensor de estacionamento, fixação Isofix e sistema de áudio multimídia, entre outros. Passando a R$ 40.900, o 530 Talent soma uma central de entretenimento com GPS e câmera de ré. Ela também oferece o Hyper Pack, de bancos de couro e LEDs diurnos por R$ 1.500.
Quanto ao motor, está lá um 1.5 cujas dezesseis válvulas têm comando variável: ele alcança potência de 103 cv e torque de 13,6 kgfm. Mas existem outros aspectos que tornam a parte técnica do 530 até digna de destaque: ele usa freios a disco nas quatro rodas, carroceria com cerca de 42% de aço de alta resistência, banco traseiro bipartido e reclinável e assoalho totalmente plano. Deste conjunto, a Lifan pretende vender trezentas unidades só durante o que resta de 2014, para depois alcançar quatro mil durante o ano que vem. A realização dessa meta vai contar com uma rede de 49 concessionárias já instaladas e treze em preparação. Para mais tarde, a empresa pretende completar um total de oitenta.