Pelo menos no Brasil, nenhum fabricante grande exalta a esportividade tanto quanto a Fiat. A Volkswagen teve uma legião de fãs com os Gol GTS e GTI, a Chevrolet já entrou para a cultura popular com o Camaro e a Ford terá tudo para fazer o mesmo com o Mustang, mas o mérito dos italianos vem é de ter levado esse conceito às massas. Afinal, ainda que algumas invenções tenham ido mais longe que outras, foi ela quem popularizou o turbo entre nós, e depois se atreveu até a apimentar picapes e minivans. Com um contexto assim, a chegada do pocket rocket deste artigo só se torna ainda mais especial.
Décadas atrás, a então novata Fiat começava a esboçar sua veia esportiva com os 147 Racing e Rallye, já exibindo a predileção por compactos – o sedã Oggi chegou a ter a versão CSS, esta em tiragem limitada. Mais tarde, a linha Uno agradou com os 1.5R e 1.6R, mas a paixão nacional viria mais tarde: a versão Turbo foi lançada em 1994 e no ano seguinte contagiou o sedã médio Tempra. Foi um sucesso tão grande que não só mereceu passar à dupla Marea como os tornou os carros mais potentes do país. Hoje, os Fiat esportivos se dividem entre Sporting, mais voltados à aparência, T-Jet, de conjunto mais sofisticado, e as edições especiais que aparecem aqui e ali. Nosso mais novo 500 tem um nome diferente, mas o fato é que ele chega provocando um certo déjà vu.
Além das versões Blackmotion e Sporting e do câmbio Dualogic, coube ao Stilo estrear o nome Abarth no Brasil. Ele remete a Carlo Abarth, um preparador de motores austríaco que fez fama durante os anos 50 e 60. Sua empresa já trabalhava com a Fiat desde então, mas foi incorporada pela mesma em 1971. Nos dias de hoje ela trabalha com Punto e 500 – na variação 695, este último chegou a prestar homenagem a Ferrari e Maserati. O modelo que acaba de chegar justifica os R$ 79.300 iniciais principalmente pelo comportamento dinâmico, que aproveita as extensas modificações para oferecer prazer ao dirigir em um nível superior. Porém, as exclusividades visuais o fazem muito interessante também quando parado, seja olhando por dentro ou por fora.
Começando por este último, o que logo se destaca são os logotipos. O escorpião representa o signo do fundador, e chega a substituir o logotipo da Fiat, simbolizando a nova personalidade do compacto. Os parachoques têm design mais agressivo e o dianteiro ficou 6,9 cm maior, para melhorar a refrigeração do motor. Também estão lá spoilers laterais e traseiro, rodas de liga leve aro 16” exclusivas, farois de xenônio, e cor contrastante para faixas laterais e capas dos retrovisores. O escapamento de saída dupla cromada representa outra característica típica dos Abarth: o som do motor é marcante. O interior é completo e ostenta painel com faixa vermelha, alavanca do câmbio, bancos e volante de couro preto com costuras vermelhas, e pedaleiras e tapetes exclusivos.
Outro detalhe interessante é o quadro de instrumentos digital, que traz gráficos exclusivos e mais funções que o dos 500 comuns. Estas, como era de se esperar, são focadas na performance: o hatchback usa a versão turbinada do 1.4 16v MultiAir que aqui já aparecia no Cabrio. Com pressão de 1,24 bar, o equipamento colabora para a potência de 167 cv e para o torque de 23 kgfm. Sempre com câmbio manual de seis marchas, ele acelera de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos e alcança a máxima de 214 km/h. O pacote de segurança continua farto, mas foi ajustado ao padrão Abarth – o controle de estabilidade, por exemplo, tem três modos e pode ser quase desligado. Oferecido em quatro cores, o modelo tem como opcionais teto solar elétrico e sistema de áudio Beats.