Enquanto muitos fabricantes procuram trabalhar com vários modelos, para diversificar a oferta e aumentar as chances de sucesso, a Honda segue o caminho inverso. Os japoneses têm seus arroubos de criatividade aqui e ali, mas em geral preferem buscar a excelência em produtos cuja imagem já é bem estabelecida. No mercado brasileiro, por exemplo, eles trabalham desde os anos 1990 e só produzem três modelos. Levando tudo isso em consideração, a notícia de que a Honda acaba de lançar aqui um modelo totalmente novo, e com produção local, torna-se uma surpresa no mínimo irresistível.
Caso estas imagens estejam lhe provocando déjà vu, este é o modelo que foi lançado no Japão como Vezel, no ano passado. Em comparação com aquele, o HR-V deste artigo é um típico caso de nacionalização: foram preservadas partes como design e nível de equipamentos, ao passo que a mecânica ganhou especificação própria. Entretanto, há muito o que falar sobre cada uma dessas partes. Embora o carro siga já onipresente receita de crossover compacto, é interessante notar que ele a leva a um nível diferente. O exterior, por exemplo, concilia o porte imponente a uma silhueta mais esportiva que a dos rivais, que chega a lembrar dos cupês. As últimas tendências da Honda aparecem na dianteira, com farois e grade visualmente conectados, e no uso de contornos espessos e angulares.
Tais características indicam uma vocação claramente urbana, que se diferencia de Ford EcoSport e Renault Duster ao nem sequer fingir as qualidades fora-de-estrada dos SUVs. Essa decisão foi particularmente interessante para a Honda porque o HR-V foi projetado a partir da plataforma do Fit. Pode não ser a base mais esportiva, mas garante qualidades como o excelente espaço interno e o elevado nível de qualidade geral. Em paralelo, o painel apresenta linhas retas e simples, dedicadas a tornar a operação dos comandos mais fácil. Detalhes particulares são um uso de cromados comedido, e a concentração de vários comandos na touchscreen da central de entretenimento, para evitar o excesso de botões físicos; somente os do ar-condicionado ficaram separados.
Se até aqui o HR-V se mostrou um legítimo derivado da linha compacta, quando se fala na parte técnica ele faz uma mudança importante. A Honda aproveitou o fato de que esta categoria está na moda, e decidiu oferecer o crossover como o topo-de-linha da linha Fit: com preços entre R$ 69.900 e R$ 88.700, ele chega a invadir a faixa de preços do Civic. No entanto, os japoneses garantiram que esse “novo degrau” foi alcançado também em outros aspectos: o motor, por exemplo, é o mesmo 1.8 16v i-VTEC que equipa a versão de entrada do sedã médio. Ele produz até 140 cv de potência e até 17,4 kgfm, e pode vir com câmbio manual de sete marchas (somente na versão mais básica) ou uma caixa CVT que, por sua vez, simula sete velocidades.
Outro aspecto dessa diferença é a lista de equipamentos. A versão LX traz alarme, airbag duplo, ar-condicionado, computador de bordo, console central em couro, controles de estabilidade e tração, direção elétrica, fixação Isofix, hill holder, leitor de MP3, trio elétrico, e volante multifuncional – ela pode adicionar câmbio CVT e rodas de liga leve passando a R$ 75.400. A versão EX soma câmera de ré, central multimídia com tela de 5”, farois de neblina, controle de cruzeiro, luzes de direção nos retrovisores, mais partes em couro, e rack de teto, subindo a R$ 80.400; a partir desta, o CVT vem de série. Por último, a EXL justifica os R$ 88.700 incorporando navegador GPS, tela de 7”, entradas HDMI e USB, airbags laterais, ar-condicionado digital e bancos em couro, entre outros.