Sedãs costumam ser os preferidos dos países emergentes em geral, mas o Brasil se mostra uma exceção porque aqui o favoritismo deles se faz nas classes superiores. Primeiro pelo luxo e requinte de nomes como Landau e Opala e mais tarde pela aura de futurismo trazida por Civic e Vectra, a reputação dos três-volumes mais caros sempre foi muito positiva entre nós. A Citroën pode ter demorado a colocar seu nome nessa categoria, mas o conjunto da sua novidade de agora mostra que a inspiração que os franceses tomaram foi das melhores.
Quando um fabricante lança sua novidade nos mercados de origem tendo planos de levá-lo a outros países desde esta época, o caso particular do seu atraso em chegar ao Brasil se justifica pela famosa “tropicalização”, processo em que o setor de engenharia retrabalha a mecânica do veículo para adaptá-lo às condições de rodagem do subcontinente e às opções de combustível particulares do nosso país – nos últimos tempos, quando um carro demora mais que dois anos a chegar, a razão quase sempre é que o seu processo de vinda não foi planejado de início.
O caso da Citroën brasileira, no entanto, tem ganhado um matiz muito interessante com os últimos lançamentos: essa espera também tem feito nossos carros chegarem com certos retoques de estilo em relação aos europeus, em casos de forma que acata a função mas sem se submeter à tal. Como a tampa traseira da C3 Picasso precisava mudar para exibir o estepe do Aircross, fez-se toda uma peça exclusiva que serviu também à versão urbana. Caso parecido gerou os parachoques dianteiros das tais minivans, do C3 hatchback e agora também da versão sedã do novo C4: a refrigeração mais eficiente demandada pelo nosso clima se consegue com entradas de ar maiores na dianteira, que vêm se obtendo com novos desenhos até mais bonitos que os originais.
Passar ao caso da novidade deste artigo começa com o nome indicado nas fotos, que troca o sobrenome anterior por Lounge provavelmente para condizer com o “L” do equivalente chinês. A maior parte da excelente impressão passada por este sedã vem do equilíbrio visual entre dinamismo e elegância. Os vincos são fortes mas começam e morrem com suavidade, de forma que o carro não parece “pesado”. Aqui foi usada a mesma estratégia que na Fiat originou Linea e Grand Siena a partir de Punto e Palio, na ordem: o exterior só mantém as portas dianteiras do hatch, dando ao sedã um conjunto igualmente bem-resolvido mas com personalidade própria.
É fácil de notar que a Citroën se esforçou bastante também na parte traseira, que era o principal ponto fraco do Pallas. Reduzir o comprimento em 15 cm reduziu o porta-malas e seguiu todos os caminhos inversos aos vistos no antecessor: a linha de cintura agora termina em subida e com apenas duas janelas, por exemplo, para evitar o realce ao comprimento dado pelas terceiras vigias laterais. O terceiro volume ficou curto, elevado e com uma simulação de spoiler na tampa traseira. Esta, por sua vez, ficou tão mais bonita porque agora conta com lanternas maiores e muito mais elaboradas, que são conectadas por uma faixa cromada acima da placa. Mas depois de analisar tudo isso, onde será que a Citroën brasileira fez as suas alterações exclusivas, afinal?
As alterações não foram grandes, mas basta compará-las com o original chinês para perceber que a dianteira do nosso modelo ficou mais elegante. As tais tomadas de ar maiores se resolveram com um desenho mais fluido e imponente. A grade superior suprimiu as estranhas pontas de lataria que lhe separavam dos farois, ficando maior e usando um interessante jogo de luz e sombra, que faz seus extremos laterais parecerem extensões dos farois – solução parecida é vista no Fiat Freemont, mas com proporções maiores. A impressão geral é que o C4 Lounge está mais opulento até que o equivalente chinês, o que significa que o salto em relação ao Pallas foi imenso. Na cabine se observa que a inspiração da marca foi sua própria linha DS, através da preferência por elementos mais sóbrios e retilíneos.
Por outro lado, também agrada muito que a divisão de luxo também tenha emprestado a preocupação com a qualidade: a marca afirma que o foco do três-volumes é o conforto interno, contando com materiais melhores e maior quantidade de itens que beneficiam a habitabilidade. A intenção não podia migrar para a esportividade porque significaria afetar o mercado do “primo” Peugeot 408, de forma que o novo francês aposta mesmo é na finesse. Outra novidade que com certeza vai fazer muita gente olhar para este carro com mais atenção é o trem-de-força: o C4 Lounge pode usar o conhecido motor 2.0 16v flex de até 151 cv e 20,2 kgfm, mas outras versões já trazem o 1.6 THP, de 165 cv e 24,5 kgfm.
Sua versão de entrada é a Origine 2.0 (R$ 59.990), que de série inclui airbag duplo, ar-condicionado, computador de bordo, direção eletroidráulica, fixação Isofix, freios com ABS, EBD e AFU, LEDs diurnos, piloto automático, rodas de liga leve aro 16”, sistema de som multimídia, trio elétrico e volante multifuncional. A Tendance 2.0 (manual por R$ 62.490 e automática por R$ 66.490) soma ar-condicionado bizona, sensores de estacionamento, de chuva e crepuscular, retrovisor antiofuscante e rodas de 17”.
A Exclusive 2.0 automática (R$ 72.490) agrega airbags laterais e de cortina, bancos e volante em couro, controles de tração e estabilidade, entrada sem chave e partida por botão. Por fim, a mesma pode incorporar o motor THP (R$ 77.990) junto a câmera de ré, central multimídia com tela de 7”, quadro de instrumentos personalizável, GPS, rodas de 17” exclusivas, sensor de estacionamento dianteiro, sensor de presença em pontos cegos, soleiras metálicas das portas e ponteira de escape dupla cromada. Esta última tem farois bixenônio direcionais e teto solar como opcionais, elevando o preço a R$ 82.290. O câmbio automático agora conta com seis marchas.
Citroën C4 Lounge Tendance THP (07/08/2014)
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Citroën C4 Lounge THP Flex (08/01/2015)
Outro modelo lançado durante o último Salão do Automóvel chega às revendas. O C4 Lounge é o primeiro modelo médio a utilizar a tecnologia comumente chamada de “turbo flex”, que até então era restrita ao BMW Série 3. Aqui, o motor em questão é o 1.6 THP, que manteve o torque de 24,5 kgfm com qualquer combustível mas teve a potência elevada a 173 cv usando etanol. O câmbio automático, por sua vez, estreia uma nova geração. O AT6 III mantém as seis marchas, mas teve o peso reduzido e as relações alongadas, ganhou novo conversor de torque e a função RDT, que diminui as vibrações em marcha-lenta.
Com essas mudanças, a empresa afirma que o comportamento dinâmico ficou mais suave e que o motor ficou mais econômico – segundo ela, o consumo de combustível foi reduzido em 7,5%. Em paralelo a tudo isso, o C4 Lounge também adotou o tão esperado controle de estabilidade (ESP), oferecido como item de série nas versões Tendance e Exclusive. As novidades pretendem manter o três-volumes no desempenho de mercado muito favorável no qual já se encontra há meses. Suas versões com a associação de turbocompressor e injeção bicombustível têm preços que começam em R$ 78.790.