Descrever a trajetória do maior três-volumes da Fiat no Brasil é quase como uma versão “ao contrário” do conto do Patinho Feio. Neste caso um filhote de pato foi posto em meio a cisnes, o que fez sua vida começar marcada por certa segregação. Em algum momento ele decidiu se afastar daquele ambiente, e depois de uma longa procura finalmente encontrou o grupo ao qual de fato pertencia. As novidades da linha 2015 representam o momento em que o Linea se une a um bando de patos, e termina sendo reconhecido como um dos mais belos de todos.
Suas vendas também estiveram longe de ser um fracasso, mas a questão é que, para fazer boa figura em uma das nossas categorias mais competitivas, a Fiat precisava de mais que um derivado do Punto. Hoje em dia esse posto é ocupado pelo Viaggio, na China, mas qualquer expectativa para o Brasil precisa esperar que a fábrica de Goiana (PE) seja concluída. Neste meio-tempo, contudo, o Linea chega ao seu primeiro facelift brasileiro assumindo por completo o papel entre-premium-e-médio que sempre lhe caiu tão bem. Agora ele vai poder complementar melhor a oferta do Grand Siena e, de quebra, tentar repetir o sucesso de vendas que o irmão menor vem fazendo entre as categorias compacto e premium.
Como a intenção é manter a oferta de equipamentos generosa a preços acessíveis, ele não poderia ganhar demais em sofisticação. Isso é o que explica que seu redesenho seja uma versão simplificada do que foi feito no Linea turco em 2012. Na dianteira, o parachoque ganhou porção inferior em preto, para realçar a sensação de largura junto com grade superior e farois, e um friso cromado inspirado no do outro sedã, mas em versão mais discreta. A traseira repetiu a tampa do porta-malas renovada, que agora sustenta a placa abaixo de uma régua cromada com o nome do carro, mas o parachoque ganha em discrição outra vez, com os frisos menores, e adotou um elemento em preto para simular um difusor de ar – e esconder o antigo lugar da placa.
Este é mais um redesenho parcial em que as laterais não se tocam, mas as novas rodas de liga leve (16” e 17”) chamam atenção pelo nível de detalhe: usam tampa central com o logotipo do carro para não deixar os parafusos expostos, e desenhos complexos em duas cores que deixam o conjunto mais elegante. Esta última impressão é a que impera na cabine, que evoluiu muito mais: o painel agora é o mesmo do Punto, mas em outros esquemas de cor. Ele tem desenho muito mais agradável que o antigo, e combina o preto a outro tom que varia com a versão: a Essence usa cinza-escuro, mas com pacotes opcionais forma o contraste no console frontal e nos paineis de porta com bege Golt ou bege Sand, este último o único da Absolute.
Entre itens de série e opcionais, o Linea agrada mais uma vez pela fartura, ainda que seu nível já não se destaque entre o dos rivais. Sempre com o 1.8 16v de 132 cv e 18,9 kgfm, ele vem nas variações Essence (R$ 55.850) e Absolute (R$ 66.450), com o câmbio Dualogic de série na segunda e opcional na primeira (mais R$ 3.390). Ele também teve pequenas melhorias na segurança, com sinalização de frenagem de emergência, regulagem elétrica dos farois e sensor de estacionamento com visualizador gráfico, entre outros. Seu sistema de navegação ainda é o Blue&Me Nav, que não mostra um mapa completo, mas isso se pode contornar com sua linha de acessórios: a Mopar oferece uma central multimídia de 4,3” com câmera de ré, GPS, leitor de DVD e televisor digital.