Quatro anos atrás, não era difícil sentir certa desconfiança ao ver a novidade da Fiat. O nome era mais que familiar, mas o resto era diferente de tudo o que o brasileiro conhecia. Porém, foi só sair à venda que ele mostrou a que veio: assim como o Uno original, o novo atraía as atenções pelo visual incomum e as convertia em aprovação com todas as qualidades que carregava por dentro. Agora, o hatchback chega à primeira atualização honrando o inspirador mais uma vez: em vez de tentar acompanhar a concorrência alterando sua fórmula, o que ele fez foi realçá-la.
Até o começo da década passada, para atualizar um carro pequeno no Brasil bastava mudar o visual. Concorrentes já existiam, mas como ainda não vendiam bem o suficiente, as quatro grandes conseguiam dominar o mercado com sua receita de baixo custo: Fiat Palio e VW Gol, por exemplo, viveram os anos 1990 e 2000 somente com facelifts sucessivos, que davam o tão desejado “ar de novidade” sem nenhuma evolução mais profunda. O passar dos anos, porém, levou o triunfo a carros como Renault Sandero e Hyundai HB20, e com isso foi mudando o panorama por completo. O brasileiro deixou os espartanos de lado para finalmente começar a valorizar aspectos como conforto e segurança, mesmo tendo que pagar mais. E as fábricas precisaram se adaptar.
Com isso, a imagem do “primeiro carro” deixou de ser aquele três-portas de parachoques pretos, rodas de ferro e cabine vazia: ele continua a ser um hatchback, mas agora não dispensa itens como câmbio automatizado e central multimídia. O Uno é um caso interessante porque passou pelos dois momentos dessa mudança de foco. Quando a nova geração chegou, seu maior destaque era o design – seja pelas linhas que chamam atenção até hoje ou por oferecer uma linha de acessórios imensa. Mas seus motores não eram mais que atualizações dos que a Fiat já usa há tempos, e sua lista de equipamentos não primava pela generosidade. Como ele não demorou a cair no gosto geral, ele só precisou de séries especiais e novas versões, para não perder os holofotes.
Hoje, porém, estamos numa época em que o Ford Ka tem quatro portas e a Fiat Strada chegou a vender mais que o Gol. Para manter o ritmo forte, o Uno não só precisava mudar como principalmente mudar da maneira certa. E foi isso que a Fiat procurou fazer com o facelift de agora: ela preferiu realçar o estilo que todo mundo gosta, em vez de investir em mudanças arriscadas. Assim, a maior parte das novidades foi para o interior, que ficou capaz de seduzir até quem pensa num Palio: o quadro de instrumentos ficou maior e ganhou uma tela de LCD para mostrar funções do carro, agora há vidros elétricos atrás e com comandos nas portas (vindos do Punto), e o console central ganhou reforma completa, com direito aos dois itens “fundamentais” mencionados no parágrafo anterior.
Porém, as novidades não ficaram só na cabine. O estilo típico do Uno foi melhorado, a começar pelos design mais suave dos farois. Os três quadrados ganharam uma moldura em cor contrastante, e a faixa onde ficam passou a vir em preto, para interligar os farois e chamar mais atenção. No centro dela, um suporte tridimensional destaca mais o logotipo da Fiat. Abaixo de tudo isso está uma entrada de ar menor, dividida em duas e ladeada por farois auxiliares com suportes quadrados. Atrás, os parachoques foram redesenhados mas as atenções são mesmo é das lanternas: o grafismo interno agora usa vários quadrados redondos, criando um efeito visual interessante. Mas como as fotos indicam, o Uno jamais iria perder o mote da personalização.
Enquanto a versão Economy foi trocada pela Evolution, cujo artigo você pode ler clicando aqui, a Attractive voltou à linha, mas dessa vez como opção inicial. A Way, por sua vez, associou o conjunto de antes a parachoques na cor do veículo e rodas em cinza-escuro, o que deixou seu visual mais caprichado. Já a Sporting recebeu as mudanças mais profundas: os dois parachoques têm desenho exclusivo, com o entradas de ar maiores na frente e dupla saída de escape central atrás – a criatividade com as rodas é um capítulo à parte. Na cabine, o revestimento em dois tons usa bege na Way e vermelho na Sporting, com esta última somando quadro de instrumentos exclusivo. Em paralelo, a versão Vivace mantém o conjunto antigo, para ser a opção de entrada.
Quanto aos equipamentos, o sistema de som multimídia pode vir com uma tela comum e botões físicos, parecida à do Uno anterior, ou com uma touchscreen que também controla outras funções do carro (esta é vendida como um acessório). Por outro lado, o Uno não só recebe o câmbio automatizado Dualogic pela primeira vez, em Sporting e Way, como o faz com uma pequena primazia: ele é o primeiro nacional a dispensar a alavanca. Para isso, ele traz as borboletas atrás do volante junto com essa opção de câmbio. Os motores 1.0 e 1.4 Fire Evo foram mantidos sem alterações, e chegam a 75 e 88 cv. A novidade neste setor é o sistema start/stop exclusivo da Evolution, que ajudou o modelo a conseguir a classificação A de consumo nos testes do Inmetro.
Fiat Uno Rio 450 (19/03/2015)
As homenagens à Cidade Maravilhosa começam no exterior, com os adesivo alusivos que estilizam o número 450 de modo a parecer um rosto de perfil. Por dentro, esta forma é bordada nos bancos dianteiros. De resto, trata-se de um Uno Way, sempre vendido com motor 1.0 e com detalhes como rodas de liga leve e aros da grade dianteira em cor diferenciada. Como as outras séries especiais da Fiat, esta se vende como um pacote de equipamentos, somado ao pacote regular da Way 1.0 e a outros opcionais. O preço inicial do Uno Rio 450 é de R$ 37.890.