Um malfeitor secreto jogava estrelas de metal na pista, mas o carro desviava com destreza. Depois vinham uma barreira deslizante e um pedregulho empurrado de uma montanha, mas nenhum lhe foi páreo. Num túnel, bastou o vilão começar a fechar a saída para ele mostrar a força do motor e escapar a tempo. Até se explodiu uma ponte, mas o destaque era mesmo o salto que ele conseguiu dar sobre ela. Isso pode ter sido “Coiote e Papa-léguas” demais para um vídeo de lançamento de 1984, mas o slogan nunca lhe deixou de servir: É impossível deter a tecnologia. É impossível deter o futuro.
Depois de tantas especulações, a maioria ajudada por flagras de protótipos e as subsequentes projeções virtuais, a Fiat finalmente começou a revelar o facelift do Uno em forma oficial. Porém, ela apenas “começou” porque o grupo de novidades inclui uma que merecia seus quinze minutos de fama sozinha: o compacto é o primeiro carro fabricado no Brasil com o sistema start/stop. Claro que isso passa longe de ser uma revolução, especialmente ao lembrar que em países desenvolvidos esse equipamento já é quase banal, mas o mérito do Uno vem de levar essa novidade ao grande público, finalmente. Assim como seu antecessor fez com o motor turbinado de fábrica, em 1994, e com a própria chance de ter um carro, em 1990.
Se o ano de lançamento do saudoso Uno Turbo lhe chamou a atenção, não se trata de uma coincidência: enquanto seus dez anos de Brasil foram comemorados investindo no desempenho, os trinta focaram na eficiência. A linha 2015 traz a novidade apenas na versão Evolution, que toma o lugar da Economy. O sistema foi desenvolvido pela Bosch, e consiste em desligar o motor em paradas rápidas, como as do anda-e-pára de ruas congestionadas, para economizar combustível. Ele funciona se a embreagem estiver liberada e o câmbio estiver em ponto-morto, mas religa o motor em um máximo de 2:45 minutos. Com o ar-condicionado ligado esse tempo passa a um minuto, para que a cabine não chegue a esquentar.
Em nome do bom funcionamento, o sistema não trabalha com motor ainda frio e/ou carga da bateria abaixo de 75%. Além disso, o motorista pode desativá-lo por um controle no painel, caso queira que o motor funcione por todo o tempo. Outras novidades de mesmo foco são pneus de menor resistência e a quinta marcha alongada. Isso lhe levou ao consumo de etanol de 8,9 km/l na cidade e 10,5 km/l na estrada, segundo o Inmetro. Como foram retrabalhos profundos, a Fiat ainda aproveitou para modernizar a arquitetura elétrica do Uno. As luzes de direção ganharam funções de mudança de faixa e de frenagem brusca, a cabine traz sinalização de troca de marcha e lâmpadas queimadas, e o retrovisor direito agora se rebate ao engatar a marcha à ré.
Como as imagens antecipam, o hatchback também ganhou uma série de mudanças visuais e de conteúdo interno, mas estas serão apresentadas no artigo geral do seu facelift, que será publicado mais tarde. As outras novidades vêm da lista de versões: a Vivace chega a 2015 mantendo o conjunto anterior, para custar menos. Com isso, a de entrada do Uno renovado passa a ser a Attractive, que retorna com motor 1.0 (antes ela usava 1.4). Depois virão Way 1.0, Evolution 1.4, Way 1.4 e a topo-de-linha Sporting 1.4. As duas últimas adotam o câmbio automatizado Dualogic Plus pela primeira vez, com a diferença de dispensar a alavanca (as trocas manuais usam as borboletas atrás do volante). Os motores 1.0 e 1.4 Fire Evo se mantiveram inalterados.