Mesmo que você já tenha lido o artigo do face-lift do Polo, o caso do Golf ainda pode impressionar… Porque é ainda pior. Ele chegou há mais tempo, está mais defasado em relação ao europeu, e recebeu menos atualizações, estas por sua vez com resultados piores. Não se pode negar que ele ainda mantém certos atrativos, mas há muito tempo eles deixaram de compensar suas desvantagens, que aumentam a cada novo rival que chega.
Ele chegou ao Brasil em meados dos anos 1990, logo após o fim da Autolatina, união entre VW e Ford. Elas chegaram a vender uma só linha, complementada entre os modelos das duas marcas, então com a separação precisaram reconstruir as ofertas o quanto antes. Foi quando recebemos sua terceira geração europeia, vinda dos EUA e Alemanha. Teve versões esportivas, luxuosa e até cabriolet, e virou objeto de desejo rapidamente. E então isso motivou a vinda da geração seguinte em 1997. A ideia já era de produzi-la no Brasil, mas precisaram começar importando, e o nacional veio no ano seguinte.
Estreou a fábrica nova da VW, e choveram anúncios publicitários alegando que o nosso modelo era idêntico ao alemão nos mínimos detalhes. As versões de luxo agradavam pela qualidade de construção e acabamento, e as básicas expandiam sua oferta ao que hoje em dia virou o mercado dos premium. Porém, quando surgiu a GTi e seu 1.8 turbo de 150 cv e depois 180 cv começou o frisson. Não era o mais potente do país, mas seus números de desempenho eram distantes o suficiente da realidade dos 1.0 para deixar o brasileiro fascinado.
O auge da pompa veio com a breve importação do VR6 alemão: não viria a dar certo porque era muito caro e tinha o mesmo desempenho do GTi, mas seu foco era elevar o status da linha. O mar-de-rosas só veio a cair quando surgiu a quinta geração europeia. O estilo deixava claro que a quarta seguia tendências antigas, e a nova plataforma foi um salto em tecnologia… Salto esse que infelizmente não demos. Talvez pelo preço proibitivo com o qual chegaria, a VW brasileira só abandonou a vista-grossa em 2005, com um face-lift no nosso modelo.
Esta foi a primeira e última atualização que ele recebeu, mas isso passa longe de ser um mérito. As linhas tentaram pegar inspiração no modelo europeu, mas ficou uma dissonância desagradável de ver – os faróis e lanternas deixaram a parte de baixo do carro parecer larga, enquanto a de cima continua parecendo alta. No entanto, assim ele permaneceu. A GTi teve seu gran finale quando o 1.8 passou a render 193 cv com gasolina premium, mas algum tempo depois deu lugar à GT, que mantém a aparência mas usa o 2.0 das outras.
Interessante é notar que se quando o Golf europeu chegou à quinta geração o nosso mereceu só um face-lift, em 2009 o de lá recebeu um face-lift para chegar à sexta fase, isso só valeu ao nosso uma ridícula grade pintada de preto em 2012, para lembrar os VW atuais. Além disso, todas as versões agora trazem de série rodas de liga leve de 16”, farois com máscara negra e novos revestimentos de volante e bancos. Sportline (R$ 57.510) e Black Edition (R$ 66.590) ganharam sensores de chuva, retrovisor interno antiofuscante e volante em couro. A GT (R$ 64.530) traz rodas de 17”, bancos esportivos e volante em couro e novos tapetes.