Quem refrescar a memória vai lembrar que vinte anos atrás a Chevrolet tomou a tardia mas ainda difícil decisão de finalizar o saudoso Opala. Esse modelo significou tanto para eles que sua despedida mereceu a série Collectors. Anos depois, a marca promoveu edição similar para o Vectra nas duas últimas gerações… e agora essa tradição se estende às duas minivans que aqui figuram. Ela traz até alguns itens exclusivos para os donos, e as fotos oficiais você pode ver acessando o link completo deste artigo.
Os primórdios da nossa Meriva são motivo de certo orgulho. Partindo da base do Corsa de terceira geração (segunda para nós), seu desenho teve colaboração da Opel alemã mas foi um dos primeiros a serem feitos no Brasil, com ideia de ser vendido tanto aqui como na Europa. O resultado foram estas linhas modernas e que se encaixavam muito bem nas tendências dos anos 2000, sem aproveitar nada do exterior dos Corsa. Isso lhe deu identidade visual com o hatch e o sedã mas mantendo uma personalidade própria, que mesmo depois de dez anos com apenas uma troca de grade dianteira ela não parece tão envelhecida como algumas rivais da época. A Meriva também agradava pelo sistema FlexSpace de modulação dos cinco bancos, entre outras qualidades que lhe ajudaram a popularizar as minivans compactas no país. É uma pena que em poucos anos o modelo europeu recebeu evoluções que nós nunca chegamos perto de ter, mas fato é que no Brasil ela se destacou pelo excelente custo/benefício, aliado pelas opções de motor 1.4 e 1.8. Na época do seu auge ela chegou a ter motor 1.8 16v e até uma versão SS, com vários acessórios esportivos.
Já a irmã maior surgiu aqui apenas um ano antes, embarcando na primeiríssima leva de minivans a desembarcar no país com produção nacional. A Zafira foi um dos últimos frutos da famosa Chevrolet brasileira dos anos 1990, que nesta vez colocou seu logotipo na minivan Opel que partia do Astra de segunda geração, com intenção de combater Citroën Xsara Picasso e Renault Scénic. Se as francesas impressionavam com o estilo orgânico e inovador, a alemã radicada no Brasil compensava o estilo mais comedido não só trazendo os sete lugares que aquelas não ofereciam, como também surpreendia com o sistema Flex7. Ele foi o inspirador do usado na Meriva, e ganhou amplos méritos por permitir ao dono configurar a espaçosa cabine com facilidade, rebatendo e/ou removendo os bancos traseiros da forma mais conveniente para cada momento. Aliando isso ao vigor dos motores 2.0 (no começo ela chegou a oferecer um 16v) e aos itens de luxo, torna-se fácil explicar o tamanho do seu sucesso: ela não só viu as duas rivais saírem de linha como desbancou algumas importadas e até hoje continua firme e forte na liderança do segmento.
O grande problema é que a concorrência se moderniza, mesmo no ritmo particular do mercado brasileiro. Por mais glorioso que tenha sido o passado dessas minivans, a tendência seria de perderem cada vez mais espaço. Também por aspectos como normas ambientais e de segurança, mas mesmo o apelo ao custo/benefício deixa de interessar em faixas de preço mais elevadas, porque a exigência destes clientes é sempre maior. É lamentável que não possamos desfrutar das Meriva e Zafira que os europeus dirigem nos dias de hoje, mas não se pode negar que as qualidades apresentadas pela Spin para tomar o lugar das duas são muito mais condizentes com o nosso mercado. Ela não será o tipo de carro que se vende pela sedução do estilo, mas sim por aspectos como conforto, espaço interno, manutenção fácil e a sempre interessante redução de custos trazida pela oferta de um único carro, em que o sexto e o sétimo lugares são apenas montados sobre o porta-malas da versão de cinco. Esta mudança de conceitos reflete a decisão da Chevrolet por atualizar seu produto, mas sem perder de vista as características do mercado onde atuará.
A série Collection terá tiragem limitada em 500 unidades para cada carro, ambos com o emblema da série nas portas dianteiras e sempre na cor exclusiva cinza Rusk, metálica. Os R$ 42.290 pedidos pela Meriva sugerem que ela sairá de cena na versão de melhor custo/benefício: apenas com o 1.4 de 105 cv, ela traz airbag duplo, alarme, ar-condicionado, direção hidráulica, farois halógenos com ajustes elétricos, rodas de liga leve aro 15”, sistema de som multimídia com conexão Bluetooth, quatro alto-falantes e quatro tweeters e trio elétrico. Já a Zafira pede R$ 68.990, deixando claro que a sua aposentadoria será em grande estilo: ela mantém o 2.0 de 140 cv e soma ao pacote anterior alarme com ultrassom, airbags laterais, ar-condicionado digital, farois de neblina, freios ABS, rodas usinadas aro 16” e travamento das portas quando em movimento. Um mimo interessante é que o dono receberá um chaveiro especial em couro e manual encapado no mesmo material – este último virá com a identificação do carro, de 001 a 500. Os preços citados não incluem frete.