Outra vez a Citroën manifesta sua curiosa iniciativa quanto aos modelos que vêm ao Brasil. Quando lançou a C3 Picasso, o atraso em relação à europeia foi contornado ao trazer primeiro o Aircross, uma obra brasileira com retoques de estilo que depois também vieram à versão urbana. Agora é a vez do hatchback, que fez avanços imensos em relação ao anterior em uma série de aspectos. Ele busca aliar modernidade ao estilo mais elegante do que nunca para melhorar a ofensiva entre o mercado dos hatches premium.
Grande parte da enorme aceitação da primeira geração veio do seu desenho, baseado em arcos e que agradou em especial às mulheres. Isso explica que o C3 tenha usado estratégia parecida ao Peugeot 207 vendido na Europa, de o modelo novo ser apenas uma evolução do anterior em vez de fazer revoluções de estilo. É uma pena que o 207 de lá não tenha agradado e pena ainda maior que nós recebemos um retoque barato do modelo antigo, mas por outro lado o C3 vem conseguindo êxito. Sua nova safra pretende conservar e valorizar o estilo de grande carisma que fez sua fama, mas apostando um pouco mais na esportividade, visando se aproximar do público masculino. Aqui ele continua competindo entre os hatches premium, mas com um detalhe: assim como a minivan C3 Picasso, seu desenho cometeu uma leve escapada de estilo em relação ao original, que resultou ser benéfica. A grade cromada com o símbolo da marca ligando os farois lhe deu ar mais harmônico e elegante que a solução francesa de dispensá-la e aplicar o logotipo sobre a lataria. Além disso, o parachoque ainda ganhou o requinte dos LEDs de iluminação diurna.
Porém, o aspecto de elegância charmosa que os vincos bem-proporcionados e a linha de cintura irregular conferem ao exterior continua na cabine. O painel é do Aircross não só lhe caiu bem como trouxe a vantagem das três saídas centrais para o ar-condicionado. O investimento de R$ 40 milhões na fábrica brasileira para sua produção nos deu um carro não só no padrão europeu como um tanto melhor – as melhorias feitas pela Citroën brasileira serão estendidas ao C3 francês. O hatch premium agora incorpora as mais recentes diretrizes da matriz também em nomenclaturas e equipamentos, o que inclui mimos opcionais como o parabrisa panorâmico Zenith: em solução parecida ao Cielo usado pelo Peugeot 308, o caso do C3 é um vidro que se estende até quase metade do teto, aumentando o campo de visão em 80° e trazendo uma agradável sensação de surpresa aos passageiros. O porta-malas agora tem 300 litros, que sobem a mil rebatendo os bancos traseiros. O modelo será oferecido em sete opções de cor, e as versões agora se chamam Origine, Tendance e Exclusive, com respectivos preços iniciais de R$ 39.990, R$ 43.990 e R$ 49.990.
A versão de entrada traz de série airbag duplo, ar-condicionado, banco traseiro bipartido, computador de bordo, direção elétrica freios com ABS e REF, vidros dianteiros, retrovisores e travas elétricos e volante com regulagem de altura e profundidade. Já a Tendance soma farois de neblina, iluminação diurna em LED, maçanetas e retrovisores na cor da carroceria, rodas Tuorla de liga leve aro 15” sistema de som multimídia Pioneer Hi-Fi Like com Bluetooth e comandos no volante, completa o trio elétrico e traz o parabrisa Zenith, com um ocultador manual para deixar exposta apenas a área de um vidro comum. A Exclusive adiciona acendimento automático dos farois, acabamento cromado para maçanetas, ponteira de escape e retrovisores, apoio de braço dianteiro, piloto automático, pedaleiras esportivas, retrovisor interno antiofuscante, rodas Oka de liga leve aro 16”, sensor crepuscular e de chuva, e volante em couro.
Seus motores são os mesmos usados pelo C3 Picasso a partir da linha 2013. O 1.5 vem nas duas primeiras versões. Esse motor é uma evolução do 1.4 usado pela primeira geração, fruto de processo parecido ao que a Fiat fez com seu 1.4 Fire Evo – quando ele chegou ao país foi como 1.3. As melhorias não foram um espetáculo, mas já permitem à Citroën compensar o peso maior dos modelos novos, que com certeza teriam desempenho ruim com o motor antigo. Este motor gera potência e torque de 89/93 cv e 13,5/14,2 kgfm, usando gasolina/etanol. A outra opção é o VTI 120, mutuamente restrita à versão Exclusive: é o 1.6 16v Flex Start que usa comando de válvulas variável e dispensa o tanque de partida a frio, chegando a potência e torque de 115/122 cv e 15,5/16,4 kgfm – este é o único com a opção do câmbio automático de quatro marchas com borboletas no volante (R$ 53.990), enquanto a outra opção é manual com cinco.