O mundo automotivo já está repleto de resumos e definições sobre a história da rápida e intensa ascensão do conceito de crossover no mercado mundial. Basicamente, o segredo desses carros consiste em aliar o máximo possível do que há de melhor em três ou quatro categorias como minivan, perua e sedã, embalar com um desenho moderno e chamativo e oferecer a receita em vários tamanhos e preços. O novo Durango mostra como esse filão mereceu até uma interpretação do outrora tradicionalíssimo mercado norte-americano.
Este carro surgiu no final da década de 1990 como a versão fechada da Dakota, picape que chegou a ser fabricada no Brasil por alguns anos. Ele chegava como um dos primeiros a já nascer um SUV, conceito que começava a entrar em moda na época mas viria a ganhar força total com o BMW X5. Sem inovações, o Durango partia da valentia off-road emprestada dos primos Jeep mas entregava o desenho típico dos carros urbanos da época, com proliferação das linhas limpas e arredondadas. Era uma fórmula parecida à dos arquirrivais Chevrolet Blazer e Ford Explorer, e trouxe boas vendas até a chegada da segunda geração. Esta chegou em 2003 mais moderna e requintada, mas o estilo virou um problema porque parecia ter perdido o rumo: assim como vários contemporâneos, ele queria parecer a evolução do anterior e ao mesmo tempo em sintonia com o resto da gama da marca, mas ainda não sabia como. E quando sua época de mudar se aproximou, a crise de 2008 pôs muitas empresas do nível do Grupo Chrysler em alerta vermelho. Essa situação só veio melhorar depois da aquisição da Fiat, porque além da injeção de dinheiro significou o começo de um futuro muito diferente do que a Chrysler de dez anos atrás preveria.
Os tempos haviam mudado, e o sucesso passava a estar em adaptar-se o quanto antes. Entre a ascensão de híbridos e elétricos e o surgimento de novas categorias, o conceito de identidade corporativa nunca esteve tão em voga. Cada marca agora formava uma espécie de clã com seus modelos, para lhes firmar atrativos mais fortes e assim fazer uma oferta mais sólida ao cliente. A princípio isso se tornou ruim para a Dodge porque significou duas perdas dolorosas: as picapes mais famosas se emanciparam formando a marca RAM, ao passo que há menos tempo o esportivo Viper se reinventou já sob as mãos da divisão esportiva SRT. Mas as vantagens começaram a vir assim que se começaram a promover novas atualizações na linha remanescente. A Dodge sempre foi o braço esportivo do grupo, então os novos tempos veriam isso se ressaltar mais do que nunca. Reeditaram ícones do passado como Challenger e Dart, cortaram os modelos de baixas vendas e modernizaram todo o resto da linha, o que inclui o modelo destas fotos. O Durango de terceira geração chegou aos EUA em 2010 com uma personalidade muito interessante, composta por volumes fortes associados a linhas suaves para passar sensação de imponência sem rebuscamentos visuais que pudessem acelerar o envelhecimento do conjunto. Mas o seu toque especial ainda é outro: com tamanho de SUV e espaço de minivan, ele se destaca por não se devotar nem ao fora-de-estrada e nem às famílias.
Também há o fato de que seu grupo tem a Jeep e a Chrysler para esses dois públicos, mas fato é que o Durango atrai por seguir o conceito de crossover sem alardeá-lo. Com isso, ao comprador ficam como agradáveis surpresas ver que por baixo deste desenho matador se têm equipamentos como tração integral e sete assentos, que se podem configurar em 22 opções diferentes. Ou seja, é um carro focado no uso urbano mas que tem todo o potencial para agradar tanto em viagens de família como em trilhas off-road sem excessos, sempre contando com a segurança de um pacote que inclui airbags frontais, laterais e de cortina, alerta de presença nos pontos cegos e sistema que controla a velocidade de acordo com a distância do carro à frente, entre outros. O Durango terá sua estreia brasileira feita neste Salão do Automóvel, mas já se sabe que o enorme pacote de itens é característica tanto da versão Crew como da Citadel, par escalado para o nosso mercado. E se você já estava começando a vê-lo como um irmão maior, mais bonito e ainda mais estiloso que o Journey, o parentesco termina de se explicitar sob o capô: aqui também se usará o famoso motor 3.6 V6 PentaStar, que gera 286 cv e tem consumo de 6,8 km/l na cidade e 9,8 km/l na estrada.
Atualização 11/01/2013: As vendas do Dodge Durango no Brasil começaram em forma oficial. A versão Crew sai por R$ 189.900 e traz seis airbags, ar-condicionado com zonas de temperatura individuais, bancos de couro, controles de tração e anticapotamento, freios com ABS e EBD, rodas de liga leve aro 18”, sistema de entretenimento multimdía com touchscreen de 6,4”, sete lugares e disco rígido de 30 GB. Já a versão Citadel começa em R$ 209.900 e soma farois de xenônio, grade dianteira cromada, rodas de 20”, outra central multimídia com tela de 10” para os passageiros dos bancos de trás, teto solar e volante com regulagens elétricas.