Os fãs dos carros franceses no Brasil ganharam um novo motivo para comemorar. Se há alguns anos nossa Peugeot precisou apelar para um truque não muito feliz com sua linha de compactos para compensar a ausência do 207 europeu, desde o surgimento do 208 na Europa já se esboçavam rumores de que a situação do Brasil voltaria aos tempos áureos do 206. Pois agora a espera finalmente terminou: nós acabamos de receber o mais novo compacto francês, com estratégia nova e uma série de vantagens que você conhecerá neste artigo.
Caso você não tenha acompanhado essa história desde o começo, ela é fácil de resumir: por mais que o 206 vendesse bem e agradasse pelo estilo desde o lançamento, em 1998, o passar de seus anos viu a chegada de concorrentes com concepção mais moderna e soluções que deixavam o francês menos atraente. Mas a situação do modelo brasileiro só ficou complicada de fato a partir de 2006: a Europa o trocava pelo 207 apostando na sofisticação, tanto de construção como de equipamentos, aplicada sobre um desenho que evoluía o conceito do antecessor. Nossa Peugeot se viu numa situação complicada porque o novo modelo seria oferecido aqui a preços muito altos, inconcebíveis para a categoria de entrada na qual o 206 competia bem, e então apelou para uma solução não muito feliz. Em 2008 chegou o face-lift da linha junto com a estreia da versão sedã, com dianteira e cabine inspiradas no modelo francês e todo o demais do 206 quase intacto. Chegaram também novas versões e câmbio automático, mas se havia reclamações da adaptação de estilo, seu problema maior foi outro. Atualizações como essa não costumam valer comemorações para as marcas por esse fato de serem soluções paliativas. Sendo assim, como se poderia receber bem uma dessas justamente com o nome de 207?
Mas agora tudo isso fica no passado, graças ao modelo que se vê nestas fotos. Esse nome agora será restrito a este carro mundialmente, e isso implica que nós teremos mais um modelo em sintonia com o padrão europeu. O 208 divide plataforma com o novo Citroën C3, mas não há compartilhamento de nenhuma peça visível, interna ou externa. Isso permitiu ao Grupo PSA reservar toda a vocação de charme e elegância para o C3, enquanto o irmão concentrou foco na esportividade. O exterior exala a atual tendência de estilo da marca visto de qualquer ângulo, desde o conjunto de farois e grade que passa longe do exagero da fase anterior, passando pela cintura de vincos fortes até a traseira, que mistura elementos das gerações anteriores (como a coluna C triangular iniciada em 1983 com o 205) com detalhes de personalidade própria (caso das lanternas em formato de bumerangue), resultando em uma silhueta que dá impressão de pouco comprimento, conferindo um aspecto bem jovial. Já a cabine promete bom espaço para cinco pessoas, com painel de desenho bem mais sofisticado que o do 207 e uma inovação: o volante de base chata divide atenções com o quadro de instrumentos que fica acima dele em vez de por trás, para que facilitar a leitura do motorista. Todo esse esmero da Peugeot se explica pela tal nova estratégia comentada no ínicio do texto.
Isso se entende com uma pequena retrospectiva: sabe-se que o 208 é uma evolução do 207 europeu, portanto um carro mais sofisticado e caro. Mas se desde 2006 a Peugeot não trouxe esse 207 porque não poderia ser vendido no Brasil sob o preço de um popular, não seria com o modelo seguinte que os custos baixariam, não? Pois os franceses resolveram essa questão de uma forma muito bem-aceita no Brasil: assim como o C3, o 208 chega ao Brasil como o hatch premium de sua marca. Participar desse segmento, que equivale aos hatches compactos do Primeiro Mundo, dá a chance de o 208 focar na fartura de equipamentos em vez de chegar em versões muito básicas, e com isso evitar macular as intenções originais do projeto com a perda de itens para conter custos. Em vez disso, nosso compacto tem direito a mimos como iluminação diurna em LEDs, teto solar panorâmico e touchscreen no painel para comandar a central de entretenimento. Além disso, ele repete a gama de motores lançada com o novo C3, o que significa o 1.5 de até 93 cv de potência e 14,2 kgfm de torque e o 1.6 16v de até 122 cv e 16,4 kgfm. Outra boa notícia é que o nosso 207 vai finalmente ocupar o papel que deveria ter tido desde sempre: a chegada do sucessor lhe deixará no setor de entrada.
Atualização 19/03/2013: Depois de finalizar a oferta da edição de lançamento Premier, a chegada oficial do 208 se faz com uma gama de versões inspirada no sedã 408. A versão Active parte de R$ 39.990 e traz de série airbag duplo, ar-condicionado, computador de bordo, direção elétrica com regulagem de altura, freios com ABS e REF, luzes diurnas em LED e travas e vidros elétricos, com a única opção do motor 1.5. Tal propulsor também é a única opção da Allure, que parte de R$ 45.990 e agrega farois de neblina, detalhes cromados, retrovisores elétricos, rodas de liga leve aro 15” e a mencionada central de entretenimento com conexão Bluetooth, GPS e outras funções comandadas pela touchscreen do console central. Por fim, a Griffe começa em R$ 50.690 e vem restrita ao 1.6 16v FlexStart. Esta adiciona ar-condicionado digital dual-zone, alarme, piloto automático, rodas aro 16”, sensores crepuscular, de chuva e de estacionamento e vidros elétricos traseiros, com a opção do câmbio automático de quatro marchas totalizando R$ 54.690. As imagens deste artigo foram atualizadas.