Você lembra de quando o i30 fez sua estreia no Brasil? Enquanto o Sonata começava a revolução de estilo que deu importância mundial à Hyundai, o hatch médio focou no custo/benefício para tentar firmar a marca entre nós, que até então era representada apenas pela importadora Caoa. Mas mesmo com aquelas propagandas de ufanismo cômico, o fato é que aos poucos ele conseguiu prosperar no país, ganhando uma aceitação tão grande que sua segunda geração agora chega em um contexto totalmente diferente.
Além do fato de o modelo destas imagens ser uma geração completamente nova, as diferenças entre ele e o i30 antigo têm outra razão muito importante: elas correspondem a diferentes fases da Hyundai. Lançado em 2007, o primeiro não fugia da sina que acometeu os carros coreanos nessa época: eles usavam construção moderna e já não pareciam tão antiquados como na década anterior, mas não havia inspiração. Eles eram bem diferentes entre si e não haviam muitos desenhos extravagantes ou desequilibrados, mas não chamavam atenção. Careciam de destaque, de algo que fizesse o cliente olhar para um Hyundai, Kia ou SsangYong buscando algo além de um simples meio de transporte. A fase atual do Sonata e a chegada do Kia Soul provocaram enormes mudanças nessa reputação porque as marcas aproveitaram a oportunidade para passar por uma completa melhoria. Pouco a pouco renovaram todos os modelos à venda e criaram novos e melhoraram a qualidade de construção e apostaram em projetos modernos. Isso tornou sua presença cada vez mais importante mesmo nos mercados mais exigentes, a ponto de exercer ameaça até ao mercado das marcas mais tradicionais. Hoje em dia se considera um Hyundai ou um Kia pelas mesmas razões que um Honda, Peugeot ou VW, por exemplo.
Com isso, depois de se estabilizar nessa posição muito mais confortável, o começo da presente década permitiu certo relaxamento para os coreanos. Nunca no sentido de deixar seus produtos ao sabor do passar do tempo, mas sim sem a necessidade de inventar outra revolução estilística a médio prazo. Isso culmina com a nova geração do i30 porque seu lançamento mundial feito no ano passado mais uma vez comprova que a Hyundai agora se dedica a aperfeiçoar o que criou. O hatchback das fotos passa a ser uma versão dois-volumes do Elantra, para aproveitar a excelente aceitação que ele já garantiu mundo agora – aqui os nomes diferentes se mantiveram, mas nos Estados Unidos o i30 é chamado Elantra GT. Claro que nada disso impediu o i30 de ter suas particularidades de estilo, muito pelo contrário. Enquanto o irmão aposta numa profusão de cortes com formas mais arredondadas, o estilo do hatchback é mais retilíneo. Talvez para agradar os homens, a esportividade do novo i30 começa com os arcos cromados que dão uma nova interpretação à famosa grade hexagonal bipartida. Os farois esguios ainda estão lá, mas trazem um esquema interno em duas cores que combina muito bem com os vistosos farois de neblina. As laterais sugerem imponência com a linha de cintura bem elevada e em subida, e contam com muito bom gosto no recorte das janelas e na escolha de vincos. Já a traseira conta com a elegância das lanternas não tão esguias como no sedã e formas sem excesso de volume.
A cabine evoluiu muito em todos os aspectos, não só no belo desenho que mistura as cores preto e prata combinando à iluminação azul já característica da Hyundai. Até o momento o novo i30 está sendo oferecido apenas em pré-venda na rede de concessionárias, por enquanto em versão única. Ele traz airbag duplo, ar-condicionado digital, direção elétrica com três modos, freios com ABS e EBD, navegador GPS, rodas de liga leve aro 17”, sistema de som multimídia com controles no volante e sistema keyless, entre outros itens – a versão topo-de-linha agrega controles de estabilidade e tração, sensor de estacionamento e câmera de ré, entre outros. Já o trem-de-força teve mudanças dos dois tipos: o câmbio automático agora tem seis marchas, mas o motor passou a ser o 1.6 16v flex de 128 cv de potência e 16,5 kgfm de torque, que equipa o Veloster e até mesmo o HB20. Ainda se pode esperar por opções com câmbio manual e motor 2.0, esta para daqui a mais tempo, mas o maior problema do novo i30 é o preço: cobrar R$ 75.000 pela versão citada só se explica ao considerar argumentos supérfluos como o veículo ser a última novidade da marca ou mesmo que terá demanda muito grande. Sem contar que outra vez a importadora Caoa restringe a paleta de cores ao preto e ao prata.