Muito já se falou sobre a reviravolta que os alemães iniciaram com o terceiro Classe A, não só na linha de sua própria marca como em todo o segmento dos compactos de luxo. Seu sucessso tanto com a mídia como com os compradores veio da enorme inovação que ele representa para a marca, não tanto pelo desenho mas sim por todo o novo conceito que este carro lhe traz. É por essas e outras razões que sua apresentação oficial ganhou todos os holofotes da última Top Night da Mercedes-Benz e o artigo que você está prestes a ler.
Esta “classe” em particular sempre esteve associada ao desejo dos alemães de explorar uma lacuna de mercado que se situa logo abaixo do famoso Classe C. Não em preço muito menor, porque isso implicaria em sair do setor de luxo, mas sim em um foco diferente. Porque por mais que o carro-chefe ganhasse novas carrocerias, pacotes de acessórios esportivos e versões de alto desempenho, nunca perderia a tradição de ser uma escala menor de Classe E e Classe S, e menos ainda toda a tradição que eles têm com a sobriedade. Buscar clientes diferentes é sempre interessante, mas é necessário saber como agradá-los. O primeiro Classe A chegou em 1997 inaugurando na marca o formato minivan em tamanho compacto, a tração dianteira e várias soluções de estilo esperáveis apenas em outras marcas, como a coluna traseira em formato de “Z”. Seu problema inicial não foi a quantidade de subversões, mas sim a forma como elas se aplicaram: o carro realmente era jovial, mas parecia feito por outra empresa. Pouco tempo depois do lançamento ainda houve o fatídico capotamento em um “teste do alce” feito por uma revista sueca, o que só ajudou a enterrar quaisquer chances de sucesso de um carro que, na ponta do lápis, resultava ser uma minivan compacta com espaço e motores similares ao da concorrência direta mas com um adicional de preço que não se via compensado pelo nível de requinte que trazia.
Em 2004 a Europa chegou a lhe dar uma segunda chance, mas não o Brasil. A nova geração trazia uma interpretação do estilo anterior muito mais adaptada aos padrões da marca, mas ainda não era o que os clientes desejavam. A marca só foi acertar de fato ao criar a Classe B, que por sua vez assumiu o conceito de minivan por completo. Isso permitiu o retorno da Classe A como um carro completamente diferente. Ele ganhou liberdade para se tornar o belo hatchback que ilustra este artigo, agora com foco muito maior na esportividade mas ainda sem nunca esquecer o DNA que tem: estão lá os vincos tão poucos como fortes, o típico caimento de teto e a frente que exalta a grade inspirada no 300 SL, mas aqui se combinam a elementos muito bem desenhados e de grande personalidade, criando um conjunto que, agora sim, tem potencial para disputar clientes com os rivais que surgiram nesse meio-tempo: Audi A3, BMW Série 1, Volvo V40 e até o Citroën DS4. O novo Classe A não tem qualquer parentesco com as gerações anteriores, mas sim com o irmão maior: a plataforma de tração dianteira foi inaugurada com Classe B, e pouco a pouco vem formando o que os alemães chamam de “nova família de entrada”: o mais novo membro é o sedã CLA, e para breve se espera a primeira aparição do crossover GLA. Todos focando em consolidar a vontade da Mercedes-Benz em oferecer uma alternativa mais casual aos seus modelos mais famosos.
Quanto às versões, o modelo deve estrear no Brasil como A200, primeiro nas opções Urban e Style e depois também na Sport. As duas primeiras são variações do seu pacote de entrada, cujo desenho dispensa o kit aerodinâmico visto na terceira. Porém, mesmo sua lista de itens mais básica será capaz de efetivar a intenção que a Mercedes tem com este carro: convencer compradores da categoria dos médios a esticar o financiamento e levar um carro de nível claramente superior. Itens como ar-condicionado digital, central multimídia, vários airbags ou sensores de chuva e crepuscular são presença obrigatória em sua faixa de preço (que está prevista para começar ao redor dos R$ 100 mil), mas este carro abre vantagem com os detalhes. Bancos mais anatômicos, encaixes silenciosos e precisos e materiais de boa qualidade são o que começa a cativar o público que chega a estas categorias de carro vindo de baixo. Mas todo o conforto desta cabine também permite desfrutar da performance que o novo Mercedes garante: seu arsenal de tecnologias de ponta faz o 1.6 turbo de 156 cv emprestado da B200 repetir as excelentes médias de consumo, mas também entrega força de sobra em acelerações mais fortes, sempre com câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas. O início das vendas se fará em março, e mais tarde devem chegar as versões A250, com motor mais forte, e a tão falada A45 AMG, que usa tração integral e um 2.0 turbo de 340 cv.