Se você terminar este parágrafo com aquela sensação de surpresa por como o tempo parece voar, a culpa dessa vez é dos alemães. Pode não parecer, mas a divisão “muito esportiva” da Audi já está por completar duas décadas de vida – a linha S é quatro anos mais velha. O mercado brasileiro não chegou a perder muito dessa história porque já não havia mais o famigerado embargo às importações, de forma que já são quase vinte anos de cultuar de perto a estirpe de alto desempenho que agora acaba de renovar mais um integrante.
Pode-se dizer que parte do destaque que a Audi obteve com a inauguração da divisão RS veio do fato de sua proposta inicial ter sido incomum. Boa reputação a marca já tinha de sobra há tempos, de forma que o que conseguiram somar com o anúncio da parceria com a Porsche foi o completo deslumbramento dos entusiastas da época. A diferença veio mesmo do fato de realçar a esportividade de uma station wagon, categoria de carro cuja vocação até então era muito mais associada ao lazer familiar. Tal perua recebeu o nome de RS 2 Avant, e aos poucos contagiou vários dos demais produtos da Audi. A ideia inicial era mais uma interpretação da famosa intenção de criar uma dupla personalidade nos carros, em que não se investe em alardes visuais muito grandes para não macular a capacidade deles de atender muito bem aos desejos de qualquer família, mas com a diferença de que o primeiro toque mais forte no acelerador revela um desempenho típico dos melhores superesportivos, fruto de motores muito mais fortes que os da linha urbana. Hoje em dia alguns dos últimos lançamentos da Audi têm tornado difusa a linha que separa até onde chegam os modelos S de a partir de onde começa a “jurisdição” dos RS, mas esse é um problema conceitual. De uma forma ou de outra, o cliente neste caso sai ganhando sempre.
Mais uma vez são os parachoques que começam a entregar a identidade secreta da RS4, cujos tomadas de ar e canos de escape são tão mais vistosos que dividem atenção com o tão pequeno quanto significativo brilho do famoso trapézio vermelho que compõe o logotipo dos Audi esportivos. O interessante é que o exterior dessa vez não se restringiu ao kit aerodinâmico completo e às belíssimas rodas de alumínio aro 20” (com pneus 265/30): as laterais do carro também são exclusivas, com paralamas retilíneos e mais pronunciados que os da S4. A estrutura ganhou várias partes em alumínio e suspensão 20 mm mais baixa, além de itens como direção eletromecânica progressiva, controle de estabilidade com modo esportivo e famoso Audi Drive Select e seus três modos de condução – o Dinâmico permite até variar o som do escapamento. A cabine mantém a típica profusão em preto e cromados da marca, mas sua lista de itens inclui volante de base chata, farois de xenônio, LEDs em luzes diurnas e lanternas, revestimento interior em couro, central multímidia completa com sistema de som Bang & Olufsen e um menu RS, com ferramentas como cronômetro e termômetro do óleo. Tudo para combinar com o nível do motor 4.2 V8, que gera potência de 450 cv e torque de 43,8 kgfm – contando com tração integral quattro e o câmbio de sete marchas e dupla embreagem S-Tronic, a perua vai de 0 a 100 km/h em 4s7. A nova Audi RS4 Avant chega ao Brasil por R$ 438.700.