Os entusiastas mais velhos dos carros brasileiros sempre sorriem ao lembrar de exemplos como o Opala Collectors, edição limitada que em 1992 fez as despedidas do nosso icônico Chevrolet de luxo com pompa e circunstância. O outro extremo são as marcas que preferem apenas encerrar a produção e deixar que a mídia perceba o fim do carro quando os estoques acabam. Já a atitude da Citroën com o C4 se encaixa melhor em uma coluna do meio: este “Rock You” não chega a ser sua despedida, mas sim um À bientôt.
Quem leu o artigo mais recente deste blog sobre o C4 Pallas já deve ter entendido que agora é a vez de o hatchback começar a se despedir da atual geração no Brasil. Análises mais frias vão lembrar que eles nunca chegaram a quebrar recordes de vendas no país, mas também que nunca chegaram a se classificar “micos” de mercado. Ter essa questão em mente vale a pena porque ela funciona como um símbolo do que caracterizou a trajetória do C4 aqui: regularidade. A versão VTR não foi lá um sucesso de vendas, mas esse caso é diferente porque ela chegou aqui mais com a função de “divulgar” a nova família de médios. Afirmar que os C4 foram bem-aceitos no Brasil não vem de observar apenas os números de venda, mas sim todo o contexto em que vieram. Ao lado do C3, eles ajudaram a marca a começar a se firmar entre nós como um fabricante tão confiável como as quatro grandes, assim como a empresa-irmã Peugeot. Elas não hesitaram em construir fábrica nacional com toda a modernidade, e a Citroën pode afirmar que não deixa sua linha formar defasagens excessivas em relação aos modelos equivalentes da Europa – seu esforço mais recente foi o de ter a linha DS de alto luxo oferecida aqui por completo.
Parte desse desejo por estabilidade se expressou no fato de o C4 não ter se aventurado a receber facelifts: ele ainda é da época em que a marca ousava no design de quase toda a linha, criando conjuntos que perderiam todo o equilíbrio se alterados apenas em parte – mesmo o europeu só chegou a trocar rodas e parachoques, em 2008. Atitudes como essa evitam que o carro se mantenha sob os holofotes da mídia mas tornam sua imagem bastante estável, o que realmente era o efeito desejado pela Citroën. O carro novo pôde ficar mais barato com o passar dos anos sem perder qualidade, e a revenda do usado tende a se facilitar porque ele ainda é praticamente igual àquele. Em outras palavras, o benefício maior dessa atitude foi “colocar a marca no mapa” também quando se trata do segmento de médios, cujos clientes são sempre mais suscetíveis ao valor da imagem do carro que compram. Por outro lado, também é muito claro que mesmo a melhor das imagens precisa se atualizar em algum momento. Como a versão sedã já teve a produção latina iniciada e o Grupo PSA mantém a boa prática de não usar plataformas demais, não é difícil imaginar que o hatchback também vai receber a mudança completa em breve.
Entretanto, enquanto as informações oficiais ainda nem chegaram a qual nome o sedã terá, as novidades para o irmão menor ainda são a introdução desta série especial, limitada a setecentas unidades. O C4 Rock You só usa o motor 1.6 16v flexível de 110/113 cv com câmbio manual e só vem em preto ou prata, cores que na marca recebem os nomes de Perla Nera e Gris Aluminum, ambas metálicas. Como já era de se esperar, a única forma de reparar que este é um C4 diferente é o logotipo da tampa do porta-malas, cuja cor varia com a pintura externa. Os destaques desta edição estão concentrados no sistema de som exclusivo, cuja potência soma 430W RMS. Este valor se consegue por alto-falantes de duas vias na dianteira com 75W cada um, dois alto-falantes quadriaxiais na traseira de 90W cada um e, por último, um subwoofer amplificado de oito polegadas com 100W, concluindo um sistema de potência muito maior que a média dos veículos de rua convencionais. Esta versão também conta com a garantia de três anos dada pela marca a qualquer C4, e chega às revendas pelo preço de R$ 53.145 – ainda não se trata do mesmo caso do Pallas porque o hatchback ainda se encontra em produção normal.