Mesmo as observações menos atentas ao mundo dos carros vão reparar que o termo “crossover” está sendo usado na definição de modelos cada vez mais diferentes. Afinal, como se torna difícil encaixar o novo veículo em uma categoria quando tem características pertencentes a várias, usar um termo genérico é a saída mais fácil. Mas mesmo com toda a diversidade entre os membros que possui, esse segmento já começa a apresentar certos grupos internos. O mais novo Mercedes-Benz a chegar ao Brasil é um desses exemplos.
Pode-se dizer que o formato escolhido pela maioria dos crossovers é o que se vê no GL porque se aproxima do maior número das categorias tradicionais: se o modelo é curto pode emprestar a agilidade e a vocação urbana dos hatches; se é mais longo ganha o porte elegante e o potencial de esportividade das peruas, e se ganha altura consegue investir no lado off-road dos SUVs. Este último aspecto virou o elemento mais comum entre os crossovers porque representa a forma de se trazer aos veículos carros a sensação de imponência que tanto caracteriza os fora-de-estrada, mas que até o começo da década passada era atrelada a projetos antiquados e de ergonomia ruim. Entrando na gama da marca alemã, esse jeito mais “valente” é o que diferencia o GL da Classe R, por exemplo. Esses dois modelos formam parte do subgrupo de crossovers mais dedicados à família do que à esportividade, em oposição a nomes como Range Rover Evoque ou mesmo o GLK da própria Mercedes-Benz. Não se pode dizer que a maior diferença entre esses grupos é o preço porque o primeiro pode chegar ao nível de BMW X6 e Porsche Cayenne ao passo que o segundo pode partir do Fiat Freemont, de forma que até as famílias podem desfrutar dos crossovers, mesmo as mais numerosas.
Aquela comparação com os irmãos de linha serve para ilustrar quão bem o GL representa uma mistura dos conceitos das classes R e GLK. Sua geração atual é a segunda e foi lançada na Europa no ano passado, reforçando a ofensiva ao Audi Q7. A linguagem de estilo dos Mercedes mostra como consegue se adaptar mesmo a veículos muito maiores, usando vários recursos que não se esforçam em tentar fazer o GL parecer compacto (seus 5,1 x 1,9 metros tornariam esta tarefa impossível), mas sim em trazer uma esportividade refinada. A dianteira agressiva atrai os primeiros olhares sem dificuldade, mas as laterais trocam os vincos fortes no estilo do Classe A por formas mais horizontais e discretas provavelmente para formar certa identidade visual com o criador da classe: tomar inspiração da Classe G faz o veículo não só parecer imponente como tira a Mercedes do mar de crossovers que vêm usando linhas arredondadas e fluidas. A sensação de esportividade se faz com a linha de cintura que termina em leve subida e nos paralamas abaulados, que fazem lembrar as versões duas-portas da Classe E. Por fim, a traseira mistura o classicismo da barra cromada com os LEDs das lanternas em um conjunto mais sóbrio que o do ML, por exemplo, mas que mantém o bom gosto.
Por mais cativante que seja seu exterior, é a cabine do GL que realmente mostra como ele acolhe as famílias grandes com o máximo de conforto. Seus assentos seguem o esquema 2+3+2 e têm seu deslizamento facilitado por controles elétricos, em um espaço revestido de materiais de alta qualidade e com várias opções de cores e texturas. O console chama a atenção pelo desenho, que deixa o estilo jovial do Classe A para apostar em linhas mais sóbrias. O novo GL começa na versão GL500 por 196.900 dólares, com câmeras externas em 360°, central de entretenimento com tela de 11,4” e muito mais, mas é a lista de segurança que impressiona: além de airbags de frontais, laterais e de janelas, farois bi-xenônio inteligentes, suspensão pneumática e sistema Pre-Safe, ele inclui Crosswind Assist, Steer Control e reconhecimento de carga. Dessa vez também veio a esportiva GL63 AMG, que por 273.900 dólares soma o kit aerodinâmico e as rodas exclusivas, além do conjunto mecânico mais forte. A primeira versão traz o 4.6 V8 de 435 cv e 71,4 kgfm com tração integral 4Matic e câmbio automático de sete marchas, para fazer aceleração de 0 a 100 km/h em 5s4. Já a segunda usa um 5.5 V8 biturbo de 557 cv e 77,5 kgfm, com câmbio de dupla embreagem e três modos, e baixa a aceleração a 4s9.