Quem mora no Brasil e acompanha o mundo dos carros tanto nas novidades como na história não vai demorar a lembrar que a trajetória da nossa Volkswagen já passou por duas fases muito bem divididas. Afinal, se no começo o sucesso de nomes como Brasilia, Fusca e Kombi eternizou o motor traseiro refrigerado a ar, os anos 1980 marcaram o auge da família AP, que vinte anos depois deu lugar aos EA-111 globais. Pois agora, por baixo do que não parece mais que uma simples versão nova do Fox, está o início de mais uma revolução.
Todo o demais neste veículo realmente é uma repetição do que se viu no Fox Bluemotion que chegou no ano passado, quanto a estilo, acessórios exclusivos e pacote de equipamentos. A diferença está em que a novidade não só vem com um 1.0 como que este motor é o centro das atenções. Trata-se de uma unidade completamente diferente e muito mais moderna, pertencente à nova família EA-211. Este motor já é produzido no Brasil, e ficou conhecido por ser o que vai equipar também a versão brasileira do subcompacto up! em alguns meses – não seria descabido especular que a VW tenha criado esta versão do Fox apenas para dar atenção ao motor separada da do novo carro. O fato é que esta virou a unidade mais avançada já fabricada pela marca no país, e segue a iniciativa do grupo Hyundai-Kia ao contar apenas com três cilindros, e portanto doze válvulas. As vantagens dessa concepção incluem o menor número de componentes, como já diziam os anúncios “3=6” dos DKW da década de 1960, mas seu potencial maior está mesmo é na eficiência. A VW percorreu mais de 2,4 milhões de quilômetros nas mais diversas condições, tais como temperaturas extremas e dinamômetros, para garantir o bom funcionamento da nova unidade no Brasil, porque a intenção agora vai ser trocar a linha atual pelos próximos membros da EA-211.
Analisar a ficha técnica desse motor vai surpreender qualquer um que lembra de quando esta marca era famosa por motores 1.8 e 2.0. O novo 1.0 possui bloco e cabeçote em alumínio, balancins roletados, cilindros com maior diâmetro, comando de válvulas variável e o sistema de aquecimento do combustível, que dispensa o tanque extra de gasolina para partidas a frio, sem contar com uma série de evoluções de construção e desenho para melhorar o funcionamento através de otimizar temperaturas, vibrações, fluxo de gases e o próprio peso da unidade, que perdeu 24 kg em relação ao 1.0 TEC. Tanta tecnologia permite ao motor gerar 75/82 cv de potência e 9,7/10,4 kgfm de torque (gasolina/álcool), este último partindo de menos rotações e em uma faixa mais ampla. Foi isso que permitiu ao câmbio MQ200 ganhar relações mais longas, colaborando para reduzir o ruído interno (quem embarcou no déjà vu proposto pelo artigo certamente lembrará do Pointer GTi) e em especial para a melhora de 16% no consumo. O restante dos créditos vai para os acessórios exclusivos Bluemotion, como grades e calotas mais aerodinâmicas e pneus menos resistentes ao rolamento. O carro começa nos R$ 32.590 com duas portas e nos R$ 34.090 com quatro.