Observar os lançamentos da Ford nos últimos anos permite afirmar que ela vem traçando uma estratégia oposta à da GM. Esta trabalha com criações de várias filiais, seguindo tendências de estilo de todo o mundo para obter uma linha mais diversa, às vezes contando até com múltiplos carros em uma categoria. Já o plano One Ford antecipa a intenção da rival, que vem ganhando muitos elogios por ter encontrado uma medida certa do quanto unificar seus modelos. Essa é uma das razões do sucesso do Fiesta atual, não só no Brasil.
Não é qualquer um que lembra, mas este sedã tem “valor” um tanto diferente para os brasileiros: se a apresentação do Fiesta hatchback redesenhado foi feita no Salão de Paris de 2012, o três-volumes teve seu début feito aqui no Brasil, no último Salão do Automóvel de São Paulo. É provável que eles tenham sido mostrados por separado porque o Sedan ganhou mudanças consideráveis também na traseira, seção que só foi levemente retocada no hatchback. As imagens ajudam a perceber que o três-volumes passou a se inspirar nos sedãs da marca em geral, em vez de ser mera versão do irmão mais velho. Nenhuma dimensão mudou, mas a tampa traseira ganhou novos relevos, que realçam o formato das lanternas: estas, por sua vez, tiveram a porção transparente aumentada e seguindo os vincos traseiros e laterais, tal como o parachoque. Mas só isso foi suficiente para mudar as impressões visuais que essa parte causa. Para começar, fica mais difícil achar um ângulo em que a lateral traseira pareça “vazia”. A grade dianteira avantajada dá início a uma ideia de imponência que é continuada pela linha de cintura elevada das laterais mas que agora também vê resposta na traseira, porque seus elementos ficaram mais vistosos e foram mais ressaltados. O New Fiesta Sedan agora lembra o terceiro Focus e o último Mondeo exclusivo da Europa, o que veio antes da unificação com o Fusion.
Engana-se, no entanto, quem pensar que todas essas inspirações ficaram restritas ao design. Este sedã repete o que já virou o principal argumento de vendas do Fusion, do EcoSport e de sua própria versão hatchback: a sofisticação. Suas novidades incluem o sistema MyKey, que permite programar velocidade e volume do som máximos, disparo de avisos sonoros e impedir que os sistemas de assistência ativa possam ser desligados para quando se empresa o carro a outra pessoa. A intenção da Ford é ter o sedã mais completo da categoria, e isso já se vê na versão SE: por R$ 49.990, ela traz airbag duplo, ar-condicionado digital, controles de estabilidade, partida em rampa e tração, direção elétrica, freios ABS e a central de entretenimento Sync com comandos em português. Já a Titanium justifica os R$ 55.340 com sete airbags, bancos e volante em couro, piloto automático, sensores de chuva, crepuscular e estacionamento traseiro, rodas de liga leve aro 16”, grade dianteira cromada e console central em preto brilhante. Ambas usam o novo 1.6 16v Sigma, de 125/130 cv e que dispensa o tanque de partida a frio – ele acelera de 0 a 100 km/h em 12s1 e chega à máxima de 190 km/h. O câmbio manual de cinco marchas pode ser trocado pelo Powershift de seis marchas e embreagem dupla, por mais R$ 3.650.